O conceito de saúde crônica surgiu como uma resposta à crescente necessidade de abordar a saúde de forma mais proativa e integral. Em contraste com o foco tradicional nas doenças crônicas, a saúde crônica enfatiza o cultivo da saúde ao longo da vida.
O envelhecimento populacional acelerado trouxe desafios significativos para os sistemas de saúde, incluindo o aumento da prevalência de doenças crônicas, declínio cognitivo e limitações físicas.
No entanto, é importante reconhecer que o aumento da expectativa de vida é uma conquista extraordinária que deve ser celebrada. Para garantir que esses anos adicionais de vida sejam saudáveis e economicamente sustentáveis, precisamos mudar o sistema de saúde de “reativo a doenças” para “proativo à saúde”.
A saúde crônica exige uma abordagem personalizada e preventiva, voltada às estratégias que melhorem o comportamento e o estilo de vida da população. Isso inclui evitar o sedentarismo, pois a prática regular de atividades físicas contribui significativamente para a saúde física e mental; sono de qualidade; alimentação saudável e equilibrada; hidratação adequada; controle do estresse; vacinação; combate ao tabagismo de forma contínua; e definição de objetivos de vida em alinhamento com os valores pessoais, contribuindo para uma forma de viver mais pacífica e harmoniosa. Ao focar nos principais determinantes modificáveis da saúde, podemos reduzir a carga de doenças crônicas e promover o bem-estar ao longo da vida.
A tecnologia também desempenha um papel crucial no apoio à saúde crônica. Dispositivos vestíveis, aplicativos de saúde e inteligência artificial podem fornecer informações valiosas e monitorar o progresso, além de facilitar a tomada de decisões compartilhadas, garantindo que o tratamento seja clinicamente eficaz e, também, alinhado com as necessidades e expectativas individuais do paciente.
Os executivos em saúde têm uma grande oportunidade para protagonizar essa mudança; eles podem cultivar uma cultura de saúde e bem-estar dentro das organizações, conscientizar a população sobre sua importância, investir em pesquisas e inovações que apoiem estilos de vida saudáveis, colaborar com outros setores para criar ambientes que facilitem escolhas conscientes e defender políticas que promovam a saúde crônica. Um desafio adicional ao aumento da expectativa de vida é a escassez de cuidadores de idosos. Diante dessa realidade, é crucial preparar as pessoas para um envelhecimento saudável, garantindo que, ao atingirem a idade avançada, possam manter a autonomia em suas atividades diárias. No Brasil, o perfil etário está mudando de forma acelerada; estima-se que, até 2035, o número de idosos será o dobro em comparação com 2010. Esse aumento acentua o desafio no país, pois precisamos adotar estratégias para evitar que os idosos se tornem um incômodo para si mesmos, família e sociedade.
A capacidade de se adaptar a mudanças econômicas e imprevistos financeiros é outro fator essencial para manter a qualidade de vida da pessoa idosa. Sem uma base financeira sólida, ela pode enfrentar dificuldades para cobrir despesas essenciais como saúde, moradia e alimentação, levando ao comprometimento do seu bem-estar e qualidade de vida. No Fórum Econômico Mundial: Davos 2024, na Suíça, discutiu-se o tema “resiliência financeira da longevidade”, alertando para a necessidade de planejamento, que previna situações de vulnerabilidade e assegure uma vida mais segura e digna à população idosa.
Como executivos e profissionais de saúde, estamos realmente dando o exemplo na construção de uma sociedade saudável? Nossas escolhas estão preparando o caminho para um envelhecimento digno e autônomo? É hora de refletir: o que estamos fazendo para garantir que nossos exemplos não apenas inspirem, mas também concretizem uma mudança positiva?
Por Dra. Marilea Souza, médica gastroenterologista, maratonista e Presidente da CBEXs Capítulo Bahia e Leila Brito, gestora do Núcleo de Inovação da Fundação José Silveira e conselheira da CBEXs Capítulo Bahia
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