Bárbara Carine
Bárbara Carine. Foto: Divulgação.

Na noite da última terça-feira (19), o Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, vai recebeu a cerimônia de premiação da 66ª edição do Prêmio Jabuti, o mais prestigioso da literatura nacional, elegendo o Livro do Ano e os vencedores das 22 categorias. A honraria está dividida em quatro eixos, sendo: Literatura, Produção Editorial, Inovação e Não Ficção. Na disputa pelos títulos, se encontram autores e autoras da Bahia, conquistando prêmios.

Na categoria Romance Literário, o escritor Itamar Vieira Júnior venceu com a obra “Salvar o fogo”, publicado pela Todavia. O livro traz Moisés, órfão de mãe, que vive com o pai e a sua irmã Luzia na Tapera do Paraguaçu, evidenciando que os fantasmas do passado de uma família muitas vezes não se distinguem das sombras do próprio país. Essa foi a segunda vez que o escritor vence o prêmio literário mais prestigiado do país. Seu primeiro romance, “Torto Arado”, também levou o Jabuti de Romance do Ano, em 2020.

Na categoria Educação, criada neste ano dentro do Eixo Não-Ficção, a escritora e educadora Bárbara Carine venceu com o título “Como ser um educador antirracista”, publicado pela Planeta do Brasil. Idealizadora da primeira escola afro-brasileira, Bárbara traz na obra como professores podem agir diante de um episódio de racismo e como pensar em práticas antirracistas na educação.

“No último ano do meu doutorado, eu percebi que eu tinha minha formado sem nunca ter lido um intelectual negro na minha vida. Eu percebi que eu me formei psicologicamente a partir de um monte de inverdades acerca das minhas potências, da potência dos meus ancestrais, e dali em diante eu decidir que ia ser uma força motriz na minha vida, ajudar na educação da juventude. Eu queria falar para a juventude que hoje é Dia da Consciência Negra e ontem eu recebi o Prêmio Jabuti, na categoria Educação”, disse Bárbara nas redes sociais, enquanto celebrava a premiação.

“Eu fui uma jovem negra comum, sem nada de excepcional, sou de Salvador, Bahia… Com muita persistência, e ajuda da minha comunidade, eu me tornei intelectual e escritora. Vão dizer muitas coisas ainda hoje ruins sobre nós. Vão dizer para a gente que não sabemos escrever, só que foi nossa ancestralidade de desenvolveu a escrita, os hieróglifos junto com a escrita cuneiforme dos sumérios, mas vão esconder que nossos ancestrais foram potentes. Vão dizer para vocês que não sabemos produzir livros, que a universidade não é para a gente. Nunca permita que alguém que nunca lutou suas lutas, que não sabe o que é ser você, diga quem você é ou onde você pode chegar”, declarou Bárbara Carine.

Outra conquista foi na categoria Conto, onde a pernambucana criada na Bahia, a escritora e advogada Bethânia Pires Amaro venceu com o livro “O Ninho”, publicado pela Record. Nas páginas, a autora mergulha em um intrincado mosaico de imperfeições e doenças familiares, descortinando o véu que idealiza a casa como um lugar de segurança afetiva.

“Levei dois anos para escrever esse livro, mas também levei trinta e seis anos (completados hoje) para escrevê-lo. Eu escrevi, mas também foi escrito por muitas mulheres, estas tantas das minhas memórias recentes e antigas. Um pedaço dele foi escrito pelas mulheres que li, pelas mulheres cuja arte eu consumi das mais diversas formas: nos cinemas, nos teatros, nos museus. Mulheres que expuseram suas imperfeições e o peso de carregá-las. Que sentiram sobre si o peso de suas famílias”, disse Bethânia nas redes.

Itamar Vieira Junior. Foto: Divulgação
Bethânia Pires Amaro. Foto: Reprodução/Instagram

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