Mais de 200 trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, na última semana. Com idades entre 18 e 27 anos e a maioria de municípios baianos, 194 trabalhadores chegaram no estado nesta segunda-feira (27).
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton contrataram a Fênix Serviços Administrativos e Apoio a Gestão de Saúde LTDA, que oferecia a mão de obra. Em nota, as empresas afirmaram que desconheciam as irregularidades da prestadora de serviços terceirizados, mas o MTE afirmou que elas devem ser responsabilizadas.
Os resgatados foram trabalhar na colheita da uva, com promessas de salários superiores a R$ 3 mil, acomodação e alimentação, mas contaram ao MTE que eram obrigados a trabalhar diariamente das 5h às 20h, sem pausas, e com folgas apenas aos sábados. Foi relatado também que a Fênix oferecia comida estragada e que eram impedidos de sair do local. Os trabalhadores também disseram que eram espancados, além de sofreram agressões com choques elétricos e spray de pimenta.
Nesta segunda-feira, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, participou da 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, e solicitou a convocação de uma reunião extraordinária da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae). “O caso dos trabalhadores resgatados em situação semelhante à de escravo em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, mostra a necessidade de uma Política Nacional de Direitos Humanos”, afirmou Silvio Almeida.
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