Neste sábado (31) e domingo (1º), a performer e bailarina baiana, Maju Passos, vai levar o espetáculo de dança “Dona de Si” para duas apresentações em Berlim, na Alemanha. O evento faz parte da programação do Festival Internacional de Arte site-specific ONSITE, no Museum Kesselhaus Herzberge. Além disso, o projeto faz parte da pesquisa de mestrado da artista, no Programa de Pós-Graduação em Dança da UFBA (PRODAN), que aponta a maternidade como dispositivo de criação e identifica a dança quanto uma tecnologia ancestral de conexão com o próprio corpo, com a própria história.
Com direção artística de Edileuza Santos e assistência de Sueli Ramos, “Dona de Si” dança o caminho de poderamento percorrido por Maju após a maternidade para reconhecer-se, tendo como inspiração o itan “Oyá transforma-se em Búfalo” do livro “Mitologia dos Orixás”, do autor Reginaldo Prandi, e o livro “Tornar-se negra”, de Neusa Santos Souza. No itan, Iansã deixa a sua pele de búfalo escondida para passear como mulher e, ao voltar, não a encontra e se sente perdida. Neste momento, encontra Ogum, que jura amor e promete cuidado e eles casaram. No entanto, o que Matamba não sabia era que Nkosi tinha a pele dela na mão.
“Socialmente nossa pele de búfala geralmente está sob a custódia de quem deveria nos proteger, de quem nos promete amor. Se eu pego de volta o que é meu, não compactuo mais ao que está estabelecido para a manutenção de uma ‘ordem social’ que não tem espaço para a mulher que sou”, afirma Maju, que também conta que a obra fala sobre o esse estágio de metamorfose, se questionando dentro do todo.
O espetáculo também integra a Residência Artística Interdisciplinar do Festival ONSITE, em que 20 artistas internacionais, como Maju, desenvolvem trabalhos interativos em colaborações transdisciplinares. “Uma das coisas mais interessantes dessa residência no ONSITE é que ela nos provoca reverberar esse intercâmbio em nossas pesquisas e obras. As trocas têm sido bem potentes e tenho sentido os atravessamentos no meu corpo de mulher negra, mãe solo e brasileira, nesse solo estrangeiro e isso, com certeza, irá reverberar no estágio corporal da minha performance”, conta a performer e bailarina.
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