Dilma Rousseff. Foto: Alexander Zemlianichenko/AFP

O uso de moedas locais em financiamentos realizados nos países do Brics voltou a ser defendido pela presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, como uma forma mais vantajosa de promover o desenvolvimento sustentável desses países. A ex-presidenta participou de evento sobre transição energética, no Rio de Janeiro, realizado na última quarta-feira (9). Durante o seminário, a economista afirmou que os os países emergentes possuem uma deficiência de acesso ao financiamento, mas que os bancos de desenvolvimento suprem, em parte.

No entanto, ela ressaltou que ainda é necessário bastante discussão sobre financiamento. “Uma das soluções mais promissoras envolve a ampliação do uso de moedas locais nos financiamentos realizados por bancos multilaterais, porque você obterá uma taxa de juros menor”, defendeu Dilma, que também reforçou o papel do Banco do Brics em mobilizar recursos e financiar projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento.

Para ela, o uso de moedas locais em vez do dólar ou do euro em empréstimos, traz maior segurança e menos oscilação dos preços, ajudando os países a pagarem com maior facilidade as dívidas. “O que acontece muitas vezes é que o acesso à moeda internacional é considerado não adequado para financiamento de longo prazo, porque durante 30 anos, por exemplo, para uma hidroelétrica, ou 20 anos para o financiamento de outras fontes de energia, você terá o risco crescente de ter situações que você não controla”, declarou.

Cerca de 25% da carteira do banco atualmente está denominada em moedas locais. De acordo com Dilma, a meta é alcançar 30%, em 2026 — o que posiciona o banco na vanguarda entre as instituições multilaterais de desenvolvimento que usam esse tipo de operação. “Financiamentos denominados em moedas locais, eles ajudam a mitigar riscos cambiais relacionados a moedas avançadas, porque você não controla a política monetária que esses países adotam e, portanto, quando a sua moeda se desvaloriza e a taxa de juros sobe, o setor privado, por exemplo, não tem condições de suportar a pressão no seu balanço financeiro”, concluiu.

Dilma Rousseff. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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