Conhecido por transformar ícones da fé popular da Bahia em joias, como símbolos do candomblé e do catolicismo, Carlos Rodeiro tinha como inspirações os museus brasileiros e internacionais, e, principalmente, a mulher brasileira. Em Salvador, o joalheiro sempre buscava referências na rica prataria portuguesa e nos adornos africanos usados pela população negra no século passado. A partir da observação de formas, materiais e combinações, ele fazia uma releitura contemporânea e urbana, dentro do seu estilo.
Há dezesseis anos, Rodeiro teve a ideia de criar uma Pulseira do Senhor do Bonfim, inspirada na famosa e tradicional Fita do Senhor Bonfim, objeto de fé e devoção dos baianos. Patenteada, a versão, que ganhou letras em ouro e brilhantes, tornou-se uma referência internacional de design de joias. Participando de um evento que homenageava o Brasil, em Paris, Carlos Rodeiro viu sua peça fazer sucesso nos pulsos de personalidades como as irmãs Caroline e Stéphanie de Mônaco. A partir daí, a lista de famosos que passaram a usar suas joias foi aumentando: Elton John, Gisele Bündchen, Naomi Campbell, David Beckham, Regina Casé, Hebe Camargo, Gal Costa, Nizan Guanaes, Ivete Sangalo, Ildi Silva, Luciano Huck, Preta Gil, Xuxa, dentre outros.
Tido como uma referência em todo o Brasil, integrando as listas dos melhores joalheiros do país, Rodeiro foi o responsável por fazer a joalheria andar junto com a moda e seu trabalho é visto na imprensa praticamente semanalmente. Seus desfiles congestionavam qualquer lugar, fosse no Museu Carlos Costa Pinto, em Salvador, ou na mostra Joia Brasil – a maior do país – no Rio de Janeiro. Joia da Bahia e do mundo, Carlos Rodeiro faleceu na segunda-feira (26), mas continuará fazendo história.