Carlos Santiago, o fotógrafo por trás do perfil My Phantom Toy
Carlos Santiago, do My Phantom Toy. Foto: Reprodução.

Quando o baiano Carlos Santiago adquiriu um drone, em 2016, a fotografia definitivamente não era seu foco. A ideia original era apenas se divertir com o ‘brinquedinho novo’, ou melhor, com o ‘My Phantom Toy’ (Meu Brinquedo Fantasma). E em seguida, ao abrir uma conta no Instagram (@myphantomtoy), para dividir com seus seguidores algumas imagens, não tinha a menor ideia de que faria tanto sucesso com seus registros. Passaram-se 07 anos e hoje o fotógrafo se tornou um fenômeno por apresentar vídeos de monumentos históricos abandonados, pontos turísticos e manifestações culturais em Salvador.

Recentemente, apenas um deles, que retrata o abandono do antigo Colégio Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, alcançou 500 mil views. Nesta entrevista exclusiva para o Anota Bahia, Santiago revela como tudo começou, discorre sobre a origem do nome que levou o perfil ao sucesso (hoje com quase 50 mil seguidores), comenta sobre a intenção em exibir lugares ainda desconhecidos pelos baianos e soteropolitanos e também analisa a reação do público diante do que apresenta.

Confira a entrevista na íntegra:

Quando iniciou sua carreira com a fotografia e o audiovisual?

Eu não tenho formação em fotografia e vídeos. Tudo começou em 2016/2017, e o curioso é que eu não comprei um drone por causa da fotografia, nem tinha essa curiosidade e interesse. Queria mesmo era brincar com algo voando por aí, mas como ele tinha uma câmera que espelhava imagens na tela do meu celular, eu passei a apreciar as imagens de uma forma bem diferente do que era acostumado a ver. E gostei! A minha esposa, Karla Ribeiro, teve a idéia de criar um perfil no Instagram apenas para registrar parte das nossas memórias. A intenção era tão infantil, que até o nome do perfil faz referência à um brinquedo. Na época eu tinha um equipamento chamado Phantom, e ela criou o MyPhantomToy (Meu Brinquedo Fantasma). A página foi evoluindo e eu não quis mudar o nome pra não ferir a origem. Hoje pago um preço por isso, pois sei que as vezes não é tão fácil de as pessoas encontrá-la nas redes por não ter um nome tão comum.

Porque essa identificação com recortes que vão desde as manifestações populares até os pontos turísticos de Salvador?

Já um pouco inserido nesse mundo de fotografias, eu conheci muitas pessoas do ramo, e que fotografavam com drones, me juntei à eles, e foi o melhor que fiz, pois aprendi muito. Nesse contexto passei a conhecer também vários perfis nas redes sociais com esse tema, e percebi que quase todos eram muito parecidos – tinham um conteúdo similar, e eu pensei: “Porque não fazer dessa página algo que as pessoas se identifiquem e gostem de verdade, e o mais importante, que seja um conteúdo útil pra elas?”. A partir dessa percepção, decidi mostrar um universo, principalmente em Salvador, que não fosse apenas os nossos principais atrativos turísticos – queria mais, queria a periferia, o subúrbio, os bairros populares, as ruas e avenidas, as grandes obras públicas, os descasos ambientais, queria provocar as pessoas à conhecerem o diferente, mas nem por isso menos importante e menos belo. Ainda sigo me reinventando nessa linha.

Recentemente você começou a exibir vídeos que mostram lugares históricos abandonados, detalhando o que há por detrás de cada imóvel. Há uma intenção além de descortinar lugares que poucos baianos conhecem? Como isso se deu?

Sim! Claro que há uma intenção e é exatamente provocar o contraditório e o debate aberto e democrático; é fazer com que as pessoas consigam ver em detalhes aquilo que normalmente elas só conseguem ler. Eu não tenho formação em jornalismo, e portanto não tenho autonomia para publicar algo que não já tenha sido veiculado em portais formais de notícias. Em se tratando desse tema (lugares históricos abandonados), nada do que eu publico é novo, é apenas um conteúdo visualmente diferente.

Como lida com a reação do público diante da exposição do seu trabalho nas redes sociais?

Surpreso! Eu não esperava tamanha repercussão, embora eu tenha a consciência de que trabalhei pra isso. A gente não faz só conteúdo do que é ruim. Levamos muita coisa positiva pro nosso público e me orgulho em dizer que conseguimos fazer isso de uma forma quase completa. Tentamos estar presentes nos principais momentos da cidade: festas, Inaugurações, festejos populares etc. Acho que essa pluralidade é que faz o nosso perfil ser bem visto. Regularmente eu leio em comentários ou mensagens no direct: ‘Vim na sua página ver tal coisa, porque eu sabia que só iria encontrar aqui’). Há também, como tudo na vida, o lado negativo: é comum o vínculo político com algumas das minhas publicações, mas eu tiro isso de letra. Basta observar todo o conteúdo para perceber que eu aplaudo quando tem que aplaudir, e mostro o que não é digno de aplausos, quando não é para aplaudir, sem distinção de lado A, B ou C.

Tem vontade ou planeja realizar alguma exposição física ou algum projeto que possa contar pra gente?

Não tenho essa pretensão! Já participei de algumas exposições fotográficas, mas consome muito tempo e recurso. O que não quer dizer que eu não esteja aberto pra discutir o assunto; mas hoje só faria algo que fosse bastante profissional, com parceiros que abraçassem o projeto e que eu entrasse apenas com o material. Fora o conteúdo do perfil, eu sigo fazendo trabalhos para empresas de segmentos variados, com ênfase na construção civil e material para publicidade.

Conheça alguns vídeos:

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