Cármen Lúcia. Foto: Alejandro Zambrana

Na última terça-feira (19), durante suas considerações em um julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia fez declarações sobre a dificuldade feminina para ocupar cargos públicos, rebatendo uma fala do ministro Raul Araújo.

Os ministros do TSE estão em um julgamento acerca de uma suposta fraude de cota de gênero, ocorrida durante as eleições municipais de 2020, na cidade baiana de Central, onde candidatas não teriam participado de suas campanhas, tampouco feito qualquer divulgação própria em suas redes sociais, e suas inscrições seriam apenas para cumprir a cota de 30% de candidaturas femininas. Com o placar de quatro votos à favor da condenação e dois contra, o ministro Nunes Marques pediu vista e o julgamento foi interrompido.

Em suas considerações, o ministro Raul Araújo avaliou que não haveria fraude neste caso e mencionou que a Corte deveria atentar ao resultado deste processo, onde poderia conter candidaturas femininas nesta corrida eleitoral: “Diferente dos homens, as mulheres concorrem sob a possibilidade de terem decretadas as suas inelegibilidades [em caso de contestação], o que me parece, afugentará candidaturas femininas ao pleito de 2024”.

Rebatendo a fala do colega, a ministra falou sobre as dificuldades da luta feminina, dizendo que a “vida de uma mulher para chegar a qualquer cargo não é fácil”, mas apesar disso, “isso não desanima porque nós temos compromisso com a história”, expressou Cármen, agora dirigindo-se a ministra Isabel Galliotti.

Ao finalizar seu discurso, Cármen Lúcia se direciona novamente aos colegas e conclui: “Eu não tenho dúvida, os senhores homens, pelo menos nessa bancada, tiveram facilidades que eu não tive e nem tenho. Isso não me desanima em ser juíza brasileira. Isso me faz mais comprometida e responsável com outras coisas que não estou vendo. Não se preocupe, mulher só desanima quando não está disposta”.

Cármen Lúcia
Cármen Lúcia. Foto: Nelson Jr./SCO/STF.

Receba também as atualizações do Anota Bahia no: ThreadsGoogle NotíciasTwitter,   FacebookInstagramLinkedIn e Spotify