Hoje a Coluna será um tanto quanto diferente. E eu espero que você a leia até o fim. Vamos falar de política sem necessariamente tratar de política. Vamos falar da vida. A vida que é uma promovedora de encontros.
Eu era somente uma criança, quando vivi pela primeira vez o entusiasmo dos adultos em um dia inteiro de festa. Era a festa da democracia, que, apesar de não entender absolutamente nada, eu gostava. Aquela festa se renovava a cada dois anos com uma nova eleição.
Com o tempo fui me fazendo, graças aos esforços de um caminhoneiro e de uma dona de casa que aos finais de semana armava sua banca na feira – as vezes com a minha ajuda. Passei pela “aborrescência” com os hormônios a flor da pele. Entre erros e acertos, tornei-me um adulto precoce e indignado. Incentivado, passei a gastar minhas energias em ler livros. Trocava desenhos e novelas pelos telejornais. Sempre com uma pulga atrás da orelha e uma crítica a fazer. Entendam a crítica como uma análise criteriosa seguida de opinião pessoal.
A partir daí, compreendi que a política era muito mais legal que a eleição, pois era feita o tempo inteiro. Comecei a estuda-la, ideologia por ideologia, sempre avaliando a partir daquilo que eu acreditava – e acredito – como ideal. Passei a respirar política.
Nesse momento a vida promoveu mais um encontro. Em Brasília, durante um encontro nacional sobre política e liberdade, conheci Tamyr Mota. Éramos apenas dois meninos cheios de sonhos. No entanto, ele já estava envolvido com a comunicação. Após dias intensos de estudos e debates retornamos cada um para sua casa. Eu voltei para Pernambuco, onde vivia, e ele para Bahia.
O tempo passou e quis o destino que nos reencontrássemos. Dessa vez fora da política. Virei uma nota dele. Achei aquilo estranho, mas o nome incomum reportou a minha memória de uns 10 anos para trás. Era o mesmo Tamyr. E dessa vez não perdemos a oportunidade de consolidarmos a amizade. O fato me lembrou o escritor francês Georges Bernanos, na peça Diálogo das Carmelitas. “O que chamamos acaso talvez seja a lógica de Deus.” Ou seja, Deus, mais uma vez, escreveu certo por linhas tortas.
Mais alguns anos se passaram e Tamyr, juntamente com seu sócio Renato Franca, que também virou meu amigo, me revelam a gestação de um novo canal de notícias. Não pensei duas vezes em dizer que gostaria de contribuir escrevendo algo. Daí surgiu a ideia da Coluna Pinga Fogo.
De lá para cá 6 meses já se passaram e muita coisa aconteceu. Todos nós precisamos nos reinventar em meio a esse turbilhão que vivemos hoje com a pandemia do novo coronavírus.
Velhos e novos desafios se avolumam em um dia com apenas 24 horas, tornando impossível dar conta de tudo. Sinto que o momento não é de parar, mas de agradecer. Agradecer a Deus por tudo. Agradecer a Tamyr e Renato pela amizade, pelo respeito e pela oportunidade de iniciar com vocês a história do Anota Bahia. Agradecer a cada leitor que dedicou um pouco do seu tempo diário para ler as nossas análises e opiniões.
Encerramos aqui um ciclo. A Coluna Pinga Fogo saí de cena para dar lugar a um projeto próprio que iniciamos pela Bahia e por Pernambuco, e que até o final de 2021 estará presente em todos os estados do Nordeste. Seguirei daqui um fiel leitor do conteúdo de qualidade publicado pelo Anota Bahia, que foi, sem dúvidas, uma das minhas maiores inspirações.
Renato Franca e Tamyr Mota, nós três somos madeira de lei que cupim não rói. Fiquem com Deus. A paz a nossa casa.
Inquietude – A nossa última inquietude é bem particular. Quais lições positivas a pandemia já te ensinou?