Charge Fundo Eleitoral – Por Casso.

“É preciso saber o valor do dinheiro: os pródigos não o sabem, os avaros ainda menos.” A frase do filósofo francês Montesquieu define bem a grande maioria dos políticos brasileiros. Eles não sabem o valor do dinheiro. Pelo menos não o dos pagadores de impostos.

Pasmem! Em meio as discussões do Orçamento Geral da União para 2020, o relator Domingos Neto (PSD-CE), em acordo com os líderes, deve apresentar uma proposta de R$ 3,8 bilhões para o fundo eleitoral que financiará as campanhas eleitorais nos municípios. São R$ 2 bi a mais que nas eleições de 2018.

E o que não falta é apoio. DEM, MDB, PDT, PL, PP, PSB, PSD, PSDB, PSL, PT, PTB, Republicanos e Solidariedade já fecharam questão a favor da medida. Juntos, esses partidos reúnem 430 dos 513 deputados e 62 dos 81 senadores. Contra a farra ficaram apenas o Cidadania, Novo, Podemos e PSOL.

Como diz o dito popular, “além de queda, coice”. R$ 1,7 bilhão, de acordo com técnicos do Congresso Nacional e do Governo Federal, será sangrado da saúde (R$ 500 milhões), da educação (R$ 280 milhões), e da habitação e saneamento (R$ 380 milhões).

É para isso que pagamos uma das maiores cargas tributárias do mundo? Financiaremos políticos que defendem ideias das quais sequer concordamos. Assistiremos aos escândalos dos laranjas. Veremos sucumbir os parcos recursos que deveriam retornam a população em serviços de qualidade.

Em tempo, para não cometermos nenhuma injustiça nesse sentido, o único partido que não se utiliza do dinheiro público para financiar candidaturas é o Novo. Que sirva de exemplo aos demais.

Movimento calculado – O deputado estadual licenciado e secretário municipal de saúde Léo Prates deixou o DEM alegando justa causa. Ele acusa correligionários por perseguições e discriminações pessoais. Um dos citados é o vereador Alexandre Aleluia, que também deve deixar o DEM e se abraçar com o partido a ser criado pelo presidente Bolsonaro. Na verdade, o que se comenta é que o movimento sela uma aproximação de Ciro Gomes e ACM Neto com vistas para 2022.

Absolutista – Desde o nascimento do filho Líam, em julho deste ano, o deputado federal Igor Kannário (DEM) andou longe de polêmicas. Tudo mudou no primeiro dia de dezembro, durante um arrastão na Liberdade, para celebrar seu aniversário. Após uma suposta agressão policial o parlamentar disparou: “Eu sou a lei. Sou deputado federal”. A frase lembrou a célebre frase do rei francês Luis XIV: “O Estado sou eu”.

Feira de Santana – Um movimento empresarial trabalha para lançar o nome do presidente da Associação Comercial e Empresarial, Marcelo Alexandrino. Filiado há alguns meses ao Partido Novo, ele é entusiasta das ideias da sigla, porém, nega que será candidato. A direção do partido informou a Pinga Fogo que o processo seletivo está em andamento, mas não revela os nomes.

Itaparica – Filiada ao Progressistas, a empresária Sheila Varela está focada na missão de disputar a eleição na ilha. O que não faltam são apoios de peso. O vice-governador João Leão é  o principal entusiasta e não medirá esforços para eleger a aliada. Enquanto isso, ela se divide em articulações com outros partidos e visitas as localidades. Sheila terá pela frente a prefeita Marlylda (PDT), que tentará a reeleição.

Romântico – Em sua passagem por Jequié, terra natal da primeira dama Aline Peixoto, o governador Rui Costa apostou no romantismo e destacou a importância das Voluntárias Sociais para a Bahia. “Ela não poderia ter nascido em outro lugar… só na cidade do sol, porque ilumina todos os dias a minha vida”, disse Rui. Na mesa de apostas já é dado como certo que em 2024 a primeira dama disputará a prefeitura da cidade

Não vinga – Apesar dos movimentos feitos pelo deputado Manassés (PSD) para viabilizar uma candidatura a prefeito em Salvador, os dirigentes da sigla apostarão no nome do deputado federal Pastor Isidório (Avante). Indicar o vice já estará de bom tamanho. Uma outra possibilidade é abrir mão da vaga para uma legenda que garanta apoio na eleição para mesa diretora da ALBA.

O mundo lá fora – Na ilha africana de Cabo Verde nenhuma autoridade política ou judiciária possui foro privilegiado. O princípio da isonomia é levado a sério e todos são tratados com igualdade perante a lei. Já no Brasil, 54.990 afortunados gozam da prerrogativa..

Frase da semana – “O presidente daqui (Jair Bolsonaro) precisa deixar de ser o bobo da corte e aprender com o de lá (Donald Trump) a defender os interesses do nosso Brasil.” (Jaques Wagner, senador da República)

Inquietude – Quais deputados e senadores baianos votarão a favor do aumento do fundão eleitoral?