Uma das coisas boas da quarentena foi usar o tempo livre para ler e reler livros como a Bíblia. Sou cristão católico, mas, independente de religião, creio que o momento exige reflexões profundas e equilibradas.
A catequese não é o objetivo deste colunista. Contudo, farei uso das epístolas de João e Judas para tentar tirar a trave dos olhos que nem os melhores aparelhos oftalmológicos conseguirão diagnosticar. As ideias deram lugar ao ódio. E os discursos odiosos só dividem um país que precisa de união.
Ora. Está escrito em 1 João, 4:20, “Se alguém diz: eu amo a Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois aquele que não ama seu irmão, a quem viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?”
O ódio, mata. A corrupção mata, quando os recursos da saúde são desviados e faltam medicamentos e leitos em hospitais. Da mesma forma, encerrar o isolamento social, onde há casos de contaminação comunitária em meio a pandemia de coronavírus, também mata.
Diz 1 João, 5;16: “Se alguém vir seu irmão cometendo um pecado que não seja para a morte, pedirá e Deus lhe dará vida; isto é para os que cometem pecado que não seja para a morte. Há pecado para a morte, pelo qual não digo que se peça”. E ao final da primeira epístola, um alerta: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”.
O alerta é reforçado pelo apóstolo Judas – não o Iscariotes – em sua epístola Judas 1:18;19. “Nos últimos tempos, haverá escarnecedores, andando segundo seus ímpios desejos. Estes são os que causam divisões, mundanos, que não têm o Espírito”.
Volto a defender o equilíbrio das decisões. Houve exagero em parar tudo, de todo modo e a qualquer custo. Do mesmo modo há exagero em querer que tudo volte ao normal de fora irresponsável.
Sabemos o quanto tem sido difícil e doloroso até aqui. Diante disso, deixo as minhas sugestões aos presidente, governadores e prefeitos. Dialoguem.
Os municípios sem casos positivos podem e devem retomar a normalidade. De maneira preventiva, criem barreiras sanitárias permanentes sem seus acessos rodoviários. Monitorem a população e isolem casos suspeitos. Isso também serve para quem tem casos confirmados, porém de forma gradativa. Aos municípios com contaminação comunitária, vale a pena esperar um pouco mais para voltar ao normal. Uma coisa de cada vez.
Por fim, como disse lá no início, sou cristão católico. O Papa Francisco é o líder religioso da minha igreja. No entanto, acredito em coisas que divergem de algumas ideias pregadas pelo catolicismo. Ouçam o apóstolo João, “guardai-vos dos ídolos” políticos. Sejamos sensatos.
Sem notícias – A família do ex-deputado Augusto Castro pediu a suspensão da divulgação do boletim médico. Segundo a informação divulgada na sexta-feira (27), ele apresentou melhora do padrão respiratório, mas seguia sedado e respirando sob ajuda de aparelhos. A hemodiálise também havia sido iniciada.
Mudou de ideia – Antes tarde do que nunca. O presidente americano Donald Trump anunciou a prorrogação das regras de isolamento social até o dia 30 de abril. Ele reconheceu que sem as devidas medidas, 2,2 milhões de pessoas poderão morrer pelo coronavírus nos Estados Unidos. Trump fez um alerta: “O pico, o ponto mais alto das taxas de mortalidade… provavelmente será em duas semanas”.
Falta acordar – Admirador declarado de Trump, que decidiu ampliar o isolamento nos EUA, espera-se que o presidente Bolsonaro dê um passo atrás em sua fixação pelo fim da medida a qualquer custo no Brasil. Recuar de um caminho perigoso será sempre um gesto de grandeza.
Isolamento – Com 9 casos de coronavírus confirmados, o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB), anunciou que o comércio, os bares e os restaurantes continuarão fechados até o dia 6 de abril. Já as escolas e creches permanecem fechadas até 19 de abril. Os serviços essenciais estão funcionando normalmente.
Cauteloso – Em novo decreto, o prefeito de Guanambi, Jairo Magalhães, normatizou o funcionamento do comércio e prestação de serviços. A autorização, no entanto, não permite o atendimento físico ao público, devendo operar sob o serviço de entregas a domicílio. Os trabalhadores do grupo de risco devem permanecer em casa. A Feira Livre será reaberta, mas as aglomerações serão contidas.
Reta final – Partidos e pré-candidatos entram na última semana do prazo de filiações, que se encerra no próximo sábado (4). A agonia é vivida principalmente pelos vereadores e postulantes ao cargo proporcional. Haja cálculos.
Momento Jurídico, com Dr. Leonardo Brito – Acerca da prestação de contas no pleito eleitoral de 2020, chama atenção dos candidatos e dirigentes partidários para o que prevê o § 6º do art. 47 da Lei 23.607/19, vez que, até 2018, o TSE manteve entendimento de que a omissão e/ou atraso nas prestações de contas parciais não acarretaria, por si só, a desaprovação das contas, pois havia o entendimento de que tal falha poderia ser sanada na prestação de contas final. Com alteração trazida pela Res. TSE 23.607/19, a omissão e/ou atraso na prestação de contas parciais deixou de ser uma irregularidade meramente formal e passa a ser irregularidade de natureza grave, apta a acarretar a desaprovação das contas, a depender do caso concreto.
Inquietude – Bolsonaro seguirá os passos de Donald Trump em relação ao isolamento social?