
A empresária e consultora de varejo, Anna Libório, já esteve à frente de grandes franquias de moda e luxo, inserindo Salvador em um roteiro fashion que prezava pela curadoria, quando muito pouco se falava disso. Com todas as mudanças que ocorreram no formato de lojas em shoppings e com o comércio em geral, ela se apaixonou ainda mais pelo segmento, mas decidiu se tornar uma eterna estudiosa e especialista, sendo assim, coroando sua carreira como consultora.
O sucesso não para por aí, Libório também é uma palestrante requisitada, rodando o país abordando temas que aprende em todo o mundo, inclusive na Europa, mas sem perder seu DNA baiano. Em conversa com o Anota Bahia, a empresária falou sobre as novas tendências e desafios do varejo, economia e o crescimento de negócios na Bahia
Com toda sua expertise e visão ampla do varejo no Brasil, quais são as principais tendências e desafios do setor para 2025?
Após visitar a NRF25, principal evento sobre pesquisas de varejo, concluímos que varejo físico e digital serão para sempre e devem andar juntos, um fortalecendo o outro. Portanto para lojas físicas competirem com as performances robotizadas e eficientes do digital, (e-commerce) precisa-se de constantes treinamentos para equipes e ferramentas sensoriais assertivas, de acordo com o branding do negócio. Sem experiências e profissionalismo ficará complicado manter-se no varejo.
Como você enxerga esse boom de eventos empresariais, sobre comércio e varejo? Qual a importância desse engajamento para fomentar mais negócios para a Bahia?
Estamos solitários e cansados da vida on-line. Todavia, na Bahia, tenho me surpreendido com o engajamento dos empreendedores sobre conteúdos que elevem o profissionalismo e posturas assertivas, com mais competência nos negócios. Me parece que percebemos que o empreendedorismo profissionalizado dá certo e não queremos mais ser vistos apenas como a ‘Cidade do Carnaval’ ou das belas praias. Percebo uma Bahia mais sedenta de intelectualidade e conhecimento abrangente. Fico muito feliz com isso.
Como uma empresária baiana, você conseguiu quebrar as barreiras territoriais e despontar o seu trabalho em outros estados? Como tem sido essa experiência com o Sebrae, Fecomercio, Sesc e CDLs de outros estados?
Vislumbrar outros estados é minha meta e deu certo. Tem cidades que já estive mais de uma vez e o carinho e percepção que ‘toda menina baiana tem um Santo que Deus’ prova isso lindamente, através do carinho e legado que tenho deixado. Este ano tive a demanda em atender o Sebrae Mato Grosso do Sul até novembro, o que trouxe mais responsabilidade em ser diferenciada e estudar mais ainda. Estudo todos os dias para ter pautas impactantes de acordo com as regiões que estou trabalhando. No entanto, jamais deixarei a Bahia, a minha terra sempre será prioridade!
Você sempre levantou a bandeira de valorizar o que é produzido dentro de Salvador, da Bahia. Como o consumo regional e o fomento de franquias locais ajudam a promover a economia baiana?
Sim, sempre indico fábricas da Bahia e franquias baianas. Sempre posto indicações nas minhas redes sociais. Inclusive, certa feita em post aleatório de story, um importador de artesanatos se interessou por produtos regionais da região do Jorro e fiz a ponte entre o Sebrae e o importador para dar suporte aos artesões. Meu melhor será sempre dedicado a Bahia. Neste momento, inclusive, faço um apelo à sociedade para que motive e gere negócios ao comércio local, pois gerar negócios ajuda a diminuir desemprego e consequentemente podemos ajudar a diminuir essa violência absurda que está aí. Somos também responsáveis quando não geramos negócios para nossas cidades! Desemprego gera violência também!
Qual o impacto de empresas de fora e fortes no meio online, como a Shein, no varejo de moda local e, consequentemente, nas pequenas empresas?
O crescimento da China em todo o mundo é um fato e, aqui na Bahia, não tem sido diferente. Meu dever como consultora é esclarecer nas palestras este impacto negativo ao empreendedorismo no Brasil. Minha sugestão é não consumir produtos chineses, somente em situações extremas.
Como você enxerga o crescimento dos pequenos negócios no Brasil? Quais fatores podem ajudar ao setor engajar mais e mais?
O povo Brasileiro é incansável. Pagar os impostos que pagamos e passarmos os problemas governamentais que enfrentamos, só prova que somos “revestidos de Rocha”. Portanto para engajar o empreendedorismo seria ideal uma reforma tributária que o pequeno negócio não fosse taxado como é. Nossas leis trabalhistas e seus impostos são absurdos e só existe aqui. Lá fora você recebe a hora trabalhada e ponto, não existe férias, décimo terceiro e outras taxas. Enfim, empreender tem sido difícil demais.
Após o sucesso da primeira edição, o público vai receber mais um “Conexões de negócios”. O que podemos esperar desse evento e como você enxerga o papel dele dentro do fomento do empreendedorismo no Estado?
Sobre a corrida por convites para este evento, recebo a notícia pelas empreendedoras responsáveis – Luzia Novis, Ana Amoedo e Geórgia Damásio – com muita satisfação e sentimento de gratidão, por estar na minha terra multiplicando o que estudo lá fora. Trabalhar aqui me deixa mais feliz. Há 7 anos trouxe projetos para o Sebrae Bahia, que tem sido uma maratona seguir por tantos municípios baianos, mas vou com repertórios eficientes para os empreendedores se motivarem e terem autonomia em agir com matérias primas regionais e fazer o Visual Merchandising encantador e cheios de experiências. Depois, acompanhar as notícias positivas destes empresários, só me faz mais feliz e certa que foi uma missão que Deus me escolheu. Muito realizada e feliz com estes projetos, e vem muito mais on-line este ano ainda, quero chegar nos 417 municípios que o Sebrae Bahia atende!


