Antonio Brito. Foto: Reprodução.

Integrante da equipe de transição do governo Lula, o deputado federal Antônio Brito (PSD) diz que o resultado das urnas mostrou que “é preciso estar atentos às mudanças que a população quer dos seus políticos”. De acordo com ele, entrevistado para o Jornal A Tarde, por Osvaldo Lyra, como a Bahia teve um “papel importantíssimo na vitória do presidente Lula” e, por isso, a expectativa é que o estado seja beneficiado com obras, ações e indicações de ministros para compor o governo Lula. Brito, que foi o quarto deputado federal mais votado da Bahia, diz esperar ”com muita expectativa a parceria do governo Jerônimo com o setor filantrópico baiano”. Confira:

O senhor foi o quarto deputado federal mais votado da Bahia nessa eleição. Como viu o resultado das urnas?

Eu, na verdade, vi o resultado das urnas muito positivo. A Bahia, de fato, na nossa eleição, 165 mil pessoas acreditaram no nosso projeto. 165 mil pessoas apoiaram o projeto nosso que era não só a atuação pelas Santas Casas, como também por mais saúde, desenvolvimento de cidades importantes da Bahia, a exemplo de Salvador, Jequié, Itapetinga, diversas regiões. Portanto, eu fico realmente muito agradecido à Bahia por ter dado essa votação importante e expressiva ao nosso mandato de parlamentar pela quarta vez. Quarto mandato de deputado federal.

Além da reeleição do senador Otto Alencar, vocês garantiram a vitória de Jerônimo apesar dos prognósticos e pesquisas mostrarem o oposto. Que lições ficam desse processo eleitoral aqui na Bahia, deputado?

Primeiro, nós tivemos uma missão junto ao nosso presidente do partido nacional Gilberto Kassab de buscar eleger o nosso senador, o senador perfeito para o trabalho, brilhante, pela Bahia, Otto Alencar, e buscando a reeleição dele, e de conduzir os deputados federais, seis deputados federais pela bancada da Bahia para deputado federal. Essa missão foi importante e eu como atual líder da bancada busquei fazer essa missão juntamente com o senador Otto Alencar, com o senador Ângelo Coronel, para que a gente pudesse trabalhar fortemente essa bancada baiana. Não só isso, nosso partido coligou com o projeto do governador Rui Costa, com o projeto do governador Jaques Wagner, com o Jerônimo Rodrigues, quem reputo uma pessoa que fará um belíssimo governo com o nosso apoio, e nós acreditamos desde o primeiro momento. Estivemos ao lado dele, estivemos ao lado, portanto, do governador Rui Costa, na eleição de Jerônimo, do vice Geraldinho, Geraldo Júnior. Então, de fato, a gente acreditou e conseguimos fazer tudo. Nosso senador reeleito, seis deputados federais e mais a eleição de Jerônimo Rodrigues continuando esse projeto que nós apoiamos sempre.

Deputado, já são 16 anos do PT no poder da Bahia. O que esperar do novo governo e quais devem ser as prioridades do novo governador, já que a gente tem problemas na saúde, na educação, na segurança pública, na geração de emprego e renda?

Na verdade, há mudança de cenário nesses 16 anos sempre. Não é só 16 anos na Bahia. Há 16 anos na Bahia, com um governo vindo de forma atuante do governo Jaques Wagner, o governador Rui Costa foi um governador exemplo para todo o país. Eu transito em várias bancadas nacionais e todo mundo fala do exemplo de governo e de gestão da Bahia do governador Rui Costa. Mas quando eu digo do cenário, é porque o cenário brasileiro é outro, o cenário mundial é outro. Passamos pela pandemia do COVID-19, nós enfrentamos uma pandemia que é grave, que mexeu na questão da saúde, mexeu na economia. Ensejou mudanças importantes a nível nacional de várias formas, não só nos programas de transferência de renda, como o auxílio emergencial agora, auxílio Brasil, e agora com a restituição do Bolsa Família, que sempre foi o programa de transferência de renda. Mexeu em atividades econômicas. Então, o governo da Bahia conseguiu passar por tudo isso e ainda buscar e ter expectativa e esperança de um governo que virá com muita motivação de todos nós para que o Jerônimo possa governar. Então, a gente classifica 16 anos, mas o cenário mudou e o governo da Bahia soube se adaptar ao novo cenário e fazer isso, dialogar com a população que tem a chance de fazer mais 4 anos com Jerônimo de um governo que a gente tem certeza de que virá muito bem.

O senhor integra a equipe de transição do governo Lula. Que diagnóstico já é possível fazer e o que esperar desse terceiro mandato do presidente da república?

O convite do presidente Lula pelo intermédio da presidente Gleisi Hoffmann pelo PT, o presidente Kassab me designou para o conselho político. É uma espécie de órgão político que perpassa os 31 grupos temáticos que estão fazendo o relatório de transição. No dia 30, foram entregues os primeiros relatórios parciais de transição. No dia 10 de dezembro, nós estaremos recebendo relatórios parciais desses 31 grupos que têm vários temas. Nós indicamos… Já foram 13 deputados federais indicados do PSD indicados para o grupo de transição. E nós teremos no dia 20 um relatório final. Tivemos recentemente uma reunião com o presidente Lula, nós juntamente com nosso presidente e senador Otto Alencar, e buscamos qual seria a orientação para que a gente pudesse ter esse conselho político, ter o relatório de transição e formação do novo governo. O PSD estará na Câmara dando sustentação ao novo governo, já há uma definição tanto da bancada, como do presidente Gilberto Kassab, e nós agora estaremos construindo a população do novo governo, o debate de que tipo de política pública nossos membros da nossa bancada poderão estar mais diretamente ou indiretamente cooperando. E nós iremos fazer isso com muito custo para que o governo Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin dê certo e o país continue dando certo.

O senhor vai ser reconduzido como líder do PSD na Câmara, o que vai exigir muito esforço para aprovar projetos como a PEC da transição, deputado?

Eu já fui reconduzido como líder, já houve formalmente da formação da bancada. E eu agradeço muito à bancada dos 42 deputados federais do PSD, somos a quinta bancada na Câmara. Agradeço muito pela recondução, pela terceira vez como líder da bancada na Câmara dos Deputados. Agradeço ao presidente Gilberto Kassab sempre por toda orientação que tem dado. E, de fato, nós vamos buscar apoiar e aprovar a PEC que nós chamamos de PEC do Bolsa Família. É fundamental nesse momento a manutenção do teto de gastos, eu sou favorável à manutenção do teto de gastos, mas excluindo o programa Bolsa Família e demais investimentos sociais do teto de gastos. Porque uma coisa não invalida a outra. Manutenção do teto de gastos não impõe que a gente mantenha no teto de gastos um programa importantíssimo como o Bolsa Família, além de buscar apoiar a população com vulnerabilidade social, ele também busca retorno à economia por meio do investimento de economias locais, a exemplo das economias de locais em bairros e cidades menores. Então, eu sou favorável a apoiar a PEC do Bolsa Família, a PEC da transição, e apoiar pelo período de anos que forem necessários para que a gente reconstrua a economia no pós-pandemia.

Deputado, o senhor é um dos maiores defensores das Santas Casas no Congresso Nacional. Que avaliação o senhor faz do setor hoje e quais as maiores dificuldades enfrentadas por essas instituições?

Na verdade, eu tenho, inclusive, um projeto, que pode diminuir esse impasse em cima das Santas Casas. É o projeto 1435 que foi solicitado até pela Confederação Brasileira das Santas Casas, por diversas instituições, que é um projeto que possibilita o reajuste anual dos contratos do SUS pelo IPCA. Não tem sentido tudo aumentar e os contratos do SUS não aumentarem. Então, definitivamente, nós encaminhamos um projeto de lei que permitirá que a partir de agora ele possa ser aprovado em regime de urgência na Câmara. Fora isso, nós conseguimos a aprovação do PLT7, que é o que coloca aqueles 2 bilhões para as Santas Casas, ou seja, 2 bilhões durante a pandemia e agora recentemente mais 2 bilhões do saldo dos recursos do COVID-19 que estão nas prefeituras do governo do estado e serão destinados para as Santas Casas para suprir esse desequilíbrio que foi feito no período da pandemia e do pós-pandemia. Esse foi aprovado na Câmara e no Senado e está aguardando a sanção presidencial e a previsão é que seja sancionado até dia 6 de dezembro.

Qual o cenário das Santas Casas e do setor filantrópico na Bahia? E qual a pauta prioritária hoje para o setor no estado?

As Santas Casas têm feito na Bahia muito. Nós temos as Obras Sociais Irmã Dulce, temos o Hospital Aristides Maltez, o Hospital Martagão Gesteira, a Fundação José Silveira, entidades como a Santa Casa de Campo Formoso, que pega aquela região de Itabuna, Ilhéus, Conquista, Juazeiro. Temos Santa Casa em Nazaré das Farinhas. São Santas Casas que têm funções estratégicas pelo estado. As Santas Casas querem exatamente uma relação. Estou muito feliz que o governador Jerônimo Rodrigues colocou no seu PGP, Programa de Gestão Participativa, um texto especial sobre as Santas Casas e hospitais filantrópicos na parceria que sempre se tem com o governo. Então, estou muito satisfeito, tenho falado com a presidente da federação baiana Dora Nunes sobre isso e nós estamos esperando com muita expectativa a parceria do governo Jerônimo com o setor filantrópico baiano.