A casa de estilo colonial americano, construída em 1958, com projeto dos arquitetos Euvaldo Reis e Diógenes Rebouças, chama atenção no nobre Corredor da Vitória. Ali está situado o Museu Carlos Costa Pinto, que nasceu com o intuito de expor a coleção particular do rico comerciante Carlos Costa Pinto (1885-1946), reunida ao longo de 30 anos e doada por Margarida Costa Pinto (1895-1979), sua esposa. Hoje, gerido por Bárbara Santos, o museu
completou 50 anos, no dia 05 de novembro, e segue resistente na arte e no ofício de retratar
as antigas famílias tradicionais baianas.

O Museu completou no último dia 5 de novembro seus 50 anos de existência. Qual o sentimento sobre esse marco e quais os planos para o futuro?

O Museu completou 50 anos no dia 5 de novembro. Tivemos nossa grande reforma feita em 2000, ficamos com dois espaços, um lado museu e o outro lado casa, o lado museu são as áreas climatizadas, com novas vitrines e nova iluminação. A parte casa são reconstruções de ambientes da casa original. O conselho é gerido pela família, mas a administração executiva não necessariamente precisa ser algum familiar, embora hoje o cargo seja ocupado por Ronald Schenkels. Eu vejo esse acervo como uma representação muito grande das antigas famílias baianas. O Pelourinho retrata como as antigas famílias moravam, mas as casas estão vazias, o recheio daquelas casas está todo aqui, afinal temos de tudo, desde telas da Escola Baiana de Pintura até cristais, jóias, porcelanas e pratas.

O acervo do Museu é bastante variado, tendo diversos tipos de artes decorativos. Como gestora da instituição, quais suas peças ou coleções preferidas do acervo?

É difícil dizer qual das doze coleções é a minha preferida, são mais de três mil peças! A coleção de joias de crioula — do período da colonização — e as 27 pencas de balangandãs são muito significativas. Eu gosto de tudo, é difícil pra mim, que já estou aqui há tanto tempo. Também gosto muito das porcelanas, enfim, é muito complicado, eu adoro tudo daqui!

Além do acervo permanente, o museu também recebe diversas exposições e eventos temporários, como a atual “Artes nas Mesas de Natal”. Qual a visão institucional sobre esse formato e quais são as próximas programadas?

Nós sempre tentamos fazer uma linha de exposições de coleções particulares, e fizemos algumas, como as de Beatriz Pimenta Sampaio, do José Martins Catharino, de Sílvia Aranha, por exemplo. Trouxemos diversas coleções que só poderiam ser vistas por pessoas próximas aos colecionadores. Nesse período que a crise pegou, apertando todas as instituições culturais, nós demos uma parada, mas pretendemos retornar. Também pretendemos manter as ações calendarizadas, como nossas Mesas de Natal. Convidamos diversas pessoas para utilizar peças do museu ou suas próprias para montar suas mesas natalinas.

Qual a visão do Museu sobre o circuito cultural baiano, as políticas públicas de fomento aos museus e sobre o público baiano?

Bom, sobre as sessões programadas, o que traz pessoas ao museu são as exposições, mas estas custam bastante dinheiro, temos que ter seguro, curadoria, programação visual. A gente se limita um pouco, por questões orçamentárias. O baiano não tem o hábito de visitar por visitar os museus, eu mesma conheço diversas pessoas que nunca vieram aqui. Por agora, alguns colégios estão vindo mais para cá. Infelizmente é um setor da cultura que é o primeiro a ser sacrificado, sempre a primeira faca é por aqui. Não se faz nada sem dinheiro, por mais criatividade que se tenha. Eu acho que o movimento poderia ser bem maior. Mesmo assim, tenho diversos grupos, em ações contínuas, com programação que abrangem do pré-escolar até a terceira idade, inclusive com sessões de cinema, concertos e corais.

Recentemente o espaço AMMA Chocolate foi inaugurado dentro do Museu. Como essa parceria surgiu e como vocês a enxergam?

Fizemos essa parceria com o AMMA, que partiu da Luiza (Olivetto). Ela quem quis ajudar o museu, visto que nosso café estava fechado há dois anos. Estou colocando muita fé neste projeto, é uma área muito agradável com toda estrutura necessária, bem frequentada e com estacionamento. Desejo toda sorte do mundo a dupla de sócios (Luiza e Diego Badaró), que estão muito entusiasmados.