Camila Marinho por Gabriel Alencar

O primeiro sorriso de Camila Marinho já basta para cativar, quem quer que seja, talvez seja esse um dos segredos do seu sucesso na televisão. Mineira, nascida em Belo Horizonte, ela tem uma trajetória admirável como jornalista. Ainda na sua terra natal, atuou com rádio, assessoria de imprensa e produção, mas logo se sentiu escolhida pela TV e lá estava ela, segurando o microfone e levando informação, com leveza e serenidade, para a população. Antes de desembarcar em Salvador, passou por Maceió, onde imprimiu sua marca de seriedade e alegria. Desde 2005 é uma espécie de patrimônio baiano, já foi agraciada inclusive com Título de Cidadã Baiana. Integrante da TV Bahia, Camila se tornou um dos rostos mais bem quistos do telejornalismo na Bahia e no Brasil – volta e meia é convocada a fazer matérias nacionais, com temas relevantes, que são exibidas pela TV Globo por todo território nacional. Por isso – e por muito mais – a elegemos como entrevistada da semana, como forma de homenagear todos os jornalistas, que têm seu dia comemorado na próxima terça-feira (07).

Anota Bahia: Como você definiria a profissão de jornalista até 2019? E como define em 2020?

Camila Marinho: O jornalismo e a forma de fazer jornalismo vem mudando já há algum tempo, e por isso a todo instante precisamos nos readaptar e reinventar, mas sem perder a essência da informação correta e apurada. Acredito que este vai ser um ano ainda mais desafiador, especialmente em função da pandemia, de tantas incertezas e fake news. Por outro lado, em meio a esse turbilhão de acontecimentos, o papel fundamental do jornalismo vem sendo reconhecido e cumprido de maneira honrosa. A informação confiável ajuda a salvar vidas. E mesmo que uma minoria tente hostilizar a mídia, a confiança da população nos meios sérios de comunicação aumentou significativamente. O jornalismo profissional ganhou força.

AB: Com as redes sociais, jornalistas estão cada vez mais figuras públicas. Qual é a medida da exposição que a profissão exige?

CM: As redes sociais trazem um lado muito positivo, que é o de aproximar o jornalista do seu público. E essa proximidade cria uma relação, na maioria das vezes, muito saudável porque acaba sendo um canal direto de diálogo. Ao mesmo tempo, pelo fato de ser jornalista e primar pela imparcialidade da notícia, é fundamental que tenhamos cautela em opiniões pessoais. Qualquer comentário particular pode ser subentendido ou levado a interpretações que prejudicam a isenção da imprensa. Há situações em que não podemos deixar de nos posicionar, mas também há outras que não necessitam de exposição.

AB: Pode nos contar o momento decisivo em que você se reconheceu jornalista? E por que escolheu a profissão?

CM: Sempre tive o sonho de ser jornalista. Ainda criança gostava de brincar de entrevistas. O fato de ser curiosa em relação a tudo também contribuiu muito. E quem tem o jornalismo na veia se reconhece jornalista desde o primeiro momento em que pisa numa redação. Apesar de que eu me reconheci jornalista bem antes, no primeiro dia de aula na faculdade de comunicação.

AB: A partir dessa experiência inédita que o coronavírus provocou, no mundo, qual conselho você daria a quem sonha em entrar pro jornalismo?

CM: O conselho é buscar sempre a verdade dos fatos, sem interpretações pessoais e posicionamentos políticos. Ir em busca de conteúdo completo, diversificado , plural e que tenha por objetivo principal informar a sociedade.

AB: Qual o diferencial do jornalismo baiano? E qual seu momento favorito do calendário da Bahia?

CM: O jornalismo baiano mudou muito e teve que se adaptar às exigências do seu povo. O baiano quer se ver na tela. Quer que mostre a sua cultura, suas raízes e quer também ajuda para solucionar os seus problemas. A prestação de serviço e o olhar cuidadoso pra comunidade mostram muito o que é o jornalismo baiano na atualidade. E enquanto uma mineira com título de cidadã baiana, a cultura dessa terra me encanta muito. Sou uma apaixonada pela Bahia. Louca pelo Carnaval de Salvador, por sua gente e pela religiosidade. De janeiro a janeiro, vivo todos os momentos com alma de baiana. Mas se fosse escolher um: minha carne é de Carnaval.