Advogado e autor dos livros “Defenda-se Consumidor” e “Os Bancos no Banco dos Réus”, Cândido Sá é referência em assuntos como negociação de dívidas, prevenção à crise e a falência e também tem uma opinião formada sobre o lockdown imposto como forma de conter a pandemia no Brasil e no mundo. Em entrevista ao Anota Bahia ele discorreu sobre esses e outros assuntos que dialogam com a justiça. E a primeira pergunta que fizemos foi a mesma que cerca boa parte da mente do empresariado do país: o que se deve fazer neste momento de crise pelo qual todos estão passando? Sá é enfático ao responder: “Analisando contratos e estabelecendo prioridades, deve-se entender que a chave dos problemas podem ser resolvidos ou contornados através da gestão desse passivo. Analisando isso, o advogado criará a estratégia para utilização dos parcos recursos que existem”.

Sobre negociação de dívida, ele reforça: “O empresário tem de sair da linha de frente e colocar um profissional credenciado para isso. Sem envolver emoções e estabelecendo um teto concreto para ser negociado”. Citamos exemplos de dívidas que têm cobranças de juros exorbitantes e ele destaca: “A abusividade sempre tem de ser combatida na Justiça. Nossa experiência profissional aponta claramente para a judicialização. Quem utiliza contratos com cláusulas abusivas, normalmente não quer abrir mão delas. O exemplo mais típico são os bancos”. Sobre como fugir da tão temida falência, Cândido afirma: “Com a enorme quantidade de engenharias jurídicas que temos hoje não há razão para decretar falência. Agora, o empresário tem de ter a consciência de trabalhar sério e no caminho correto com seus advogados e contadores”.

Por fim, discorremos sobre o lockdown que permeia em diversos lugares atualmente e ele discorre: “É uma questão de saúde pública e deve ser decidido por esses profissionais. Tem que equilibrar o remédio com a doença. E é importante que a vacinação aconteça de forma mais efetiva. Quanto a isso, devemos reconhecer e parabenizar os esforços que os governos estadual e municipal estão fazendo em busca da vacinação para todos. Mas sei que são muito fortes os efeitos da crise no mercado e só uma redução de carga tributária salva o Brasil. As empresas e os empresários não aguentam mais pagar tanto imposto e nada lucrar. Isso destrói o equilíbrio do próprio sistema capitalista”, finaliza.