A médica infectologista Ceuci Nunes é diretora-geral do Instituto Couto Maia, um dos primeiros hospitais a receberem os pacientes de Covid-19 na Bahia. Nesta entrevista ela fala sobre a importância da vacina, especialmente diante do grande número de notícias falsas circulando nas redes sociais.

“A vacina mais rápida que existiu foi a vacina da Caxumba, que foi desenvolvida em quatro anos. Mas o que a gente está vivendo é um novo momento da humanidade. É um momento em que tudo tem sido mais rápido. E a Covid-19, por ser uma pandemia, ela também precisou que essa velocidade fosse trazida para as vacinas, mas não ao custo da segurança e da eficácia, porque vários testes foram feitos com milhares de pessoas ao redor do mundo, de cada uma dessas vacinas que estão sendo colocadas e aprovadas pelas agências reguladoras. Isso é uma coisa muito boa porque as agências são muito rígidas na aprovação de vacinas”, esclarece ela.

Sobre as dúvidas relacionadas a faixa etária e a eficiência da vacina, ela discorre: “A gente não tem certeza disso ainda. As vacinas não foram testadas em crianças. Elas foram feitas para adultos, porque são as principais e as mais graves vítimas da Covid-19. Mas é muito possível que elas também funcionem bem em crianças. As vacinas que a gente tem até agora são reguladas. Elas são aprovadas para maiores de 18 anos”.

Perguntamos se a Bahia tem preferência por alguma das vacinas que estão sendo desenvolvidas. Ceuci explica que o estado tem já um acordo assinado com a Rússia, para a utilização da Sputnik. Mas qualquer vacina que o Ministério da Saúde vá adquirir será utilizada na população brasileira e nos baianos também. Por fim, falamos sobre a importância da vacina para a imunização em massa, e não só do indivíduo. “Vacina não é uma questão individual. É uma questão de proteção individual, mas principalmente de proteção coletiva. Para que uma vacina seja eficaz, para que a vacina impeça mesmo um grande número de casos, é preciso que cerca de 80 a 85% da população esteja vacinada”, enfatiza ela.