O brasileiro é o povo que mais se sentiu solitário durante a pandemia, de acordo com uma pesquisa do Instituto Ipsos, que ouviu 23 mil pessoas de 28 países. Segundo o levantamento, 50% dos mil entrevistados no Brasil disseram que sentiram solidão “muitas vezes”, “frequentemente” ou “sempre”. Os turcos, indianos e sauditas também estão no topo desse ranking. Do outro lado, estão os holandeses como o povo que menos sofre de solidão. De acordo com profissionais de psicologia, esse resultado reflete o perfil de quem valoriza a interação familiar e com amigos. “A cultura brasileira é marcada pelo contato e experiência social. E o distanciamento, preconizado como medida de combate a transmissão do vírus, entra em confronto com essa cultura, gerando sofrimento psíquico em inúmeros brasileiros”, explica Cláudia Cruz, psicóloga da S.O.S. Vida.

Ao mesmo tempo que esse sentimento é registrado, é visível o desrespeito ao isolamento social em todo país, com flagrantes de praias lotadas, festas clandestinas e outras aglomerações. Para a especialista, diversos fatores podem levar a população a tentar preencher essa “solidão” desrespeitando o isolamento social. De acordo com Cláudia, a fadiga da quarentena também pode levar ao descumprimento das medidas de prevenção ao coronavírus de forma inconsciente. “O cansaço e desgaste emocional faz com que diminua a motivação para manter as precauções. O ser humano tem dificuldade em se manter engajado por muito tempo, além disso tem uma tendência a buscar o que dar prazer, como a interação social”.

Para ela, a população pode traçar estratégias para evitar o sentimento de solidão. A mais importante é ter em mente que a pandemia exige o distanciamento físico, mas não social. Portanto, é possível buscar outras alternativas para manter a interação com os familiares e amigos mesmo distante fisicamente. “Realizar atividades lúdicas e esportivas também ajudam a manter a sensação de bem-estar. Caso o sentimento de solidão já esteja presente e cause sofrimento psíquico, sugiro buscar orientação de um especialista”, finaliza.