Cristina Serra. Foto: Luis Paulo Ferraz.

“Nós, sobreviventes do ódio”, novo livro da jornalista Cristina Serra, traz uma reflexão em tempo real sobre os anos mais tenebrosos do Brasil contemporâneo. A obra reúne 224 crônicas publicadas pela autora no jornal “Folha de São Paulo”, entre 2020 e o começo de 2023, período que combinou a chegada da extrema direita ao poder com Bolsonaro, o ultraliberalismo de Paulo Guedes e a pandemia do coronavírus. Os artigos foram selecionados a partir de alguns temas principais: os ataques à vida dos brasileiros, à democracia, aos direitos humanos e ao meio ambiente. Alguns deles, inclusive, viralizaram nas redes sociais. Os textos avançam até o começo do governo Lula e a tentativa de golpe, em Brasília, no domingo infame 8 de janeiro.

“Nós, sobreviventes do ódio” traz um empenho de documentação e memória por parte da autora perante as atrocidades perpetradas pelo governo Bolsonaro para que os crimes cometidos por ele, ministros, assessores, políticos e autoridades não fiquem impunes. “Em vários momentos, tive a sensação de que o país desmoronava ao meu redor e, muitas vezes, escrever foi um exercício dilacerante e doloroso. Mas era preciso escrever”, desabafa Cristina. O artigo que dá título ao livro assinala a importância do acerto de contas na justiça entre a sociedade brasileira e seus algozes, quando afirma: “Você, Jair, não tem direito ao esquecimento. E nós, sobreviventes do vírus do ódio, temos o dever da memória e da verdade”, conclama a autora em texto datado de 19 de setembro de 2022. Publicado pela Editora Máquina de Livros, “Nós, sobreviventes do ódio” tem apresentação do jornalista Janio de Freitas e texto da contracapa de Juca Kfouri.