Dra. Iara Lemos. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria, Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) o mercado estético – de procedimentos faciais, corporais, capilares e de autoestima – cresceu cerca de 560% entre 2018 e 2022, em relação aos anos anteriores. Além disso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica aponta que mais de 1,5 milhão procedimentos estéticos são feitos no Brasil todos os anos. Seguindo esse mote, a reportagem no Anota Bahia conversou com a médica dermatologista com mais de 25 anos de atuação, Dra. Iara Lemos, sócia da Clínica SANLAZZARO, para falar sobre suas perspectivas e as inovações do mercado estético.

 

A área da estética e dermatologia está em alta, com cada vez mais pessoas procurando sobre o assunto, clínicas especializadas e o mercado em crescimento. Como você enxerga esse boom no debate sobre cuidados da pele e qual sua perspectiva para o setor?

Eu acho que esse crescimento é importante e é esperado pelo envelhecimento da população, se você for pensar como eram vistas as pessoas que estavam na quinta, sexta, sétima década de vida há 30 anos atrás. Hoje em dia, uma pessoa de 60 anos, de 70 anos, ainda está inserida no mercado de trabalho e tem um papel social importantíssimo ainda hoje. A saúde e a medicina evoluíram para permitir essa longevidade com qualidade, beleza e aparência, que fazem parte dessa qualidade de vida. A aparência é a primeira coisa que nós percebemos de uma pessoa e a ela se agregam características positivas. Então se você vê uma pele bem cuidada, uma boa aparência, e se o seu belo é percebido em fração de segundos, então é natural que esse crescimento tenha ocorrido.

Antigamente se achava que a dermatologia estética era uma coisa supérflua, que era uma coisa que podia ficar em segundo plano. No entanto, hoje nós queremos envelhecer cada vez melhor, inserido no mercado de trabalho, inserido socialmente. A gente vê que, hoje, o cuidado com a autoestima, o cuidado com a beleza, o cuidado com a nossa aparência vem sendo feito de uma forma muito responsável, muito honesta e com muita responsabilidade, é algo assim de que a gente se orgulha muito, vir conseguindo fazer.

O que a gente percebe é que existe ainda uma desinformação no sentido de a beleza ser dissociado da saúde. Então a beleza, os procedimentos estéticos, eles fazem parte de um tratamento de saúde que não pode ser negligenciado e não pode ser realizado por qualquer profissional. Assim como, não pode ser visto como algo que seja simples ou sem consequências. A gente vê também, infelizmente, acontecer muitas distorções nos tratamentos, com resultados inestéticos, distorções de imagem e complicações. Não podemos dissociar o tratamento estético da saúde. A gente enxerga esse crescimento no número de clínicas de dermatologia e clínicas de tratamento estético de uma forma positiva, no sentido de que toda a concorrência é bem-vinda, desde que ela seja uma concorrência também responsável e de qualidade. Quando a concorrência não tem qualidade, ela é desleal, desonesta e prejudica a imagem do tratamento do que faz bem feito.

Se existe um profissional que pode executar com excelência um tratamento estético, esse profissional é o dermatologista, aquele que estudou desde a época do curso médico durante seis anos, seguido de quatro anos de especialização sobre a pele, as interações da pele com as doenças sistêmicas e tudo que a gente pode fazer para embelezar, melhorar a pele e a aparência com responsabilidade. No nosso time de dermatologistas, todas as médicas tem título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. A tendência de crescimento dos tratamentos estéticos é aumentar, é um mercado que cresce a cada ano e a cada vez mais é importante as pessoas terem consciência que é possível fazer um tratamento com resultado natural, com produtos seguros, sem deformações e só trazendo benefícios.

 

De que forma a tecnologia atua como uma aliada dentro dos processos estéticos?

A tecnologia hoje avançou muito, então, nós temos muitas possibilidades de tratamentos não invasivos, semi-injetáveis, por exemplo, para alcançar naturalidade dos resultados dos nossos tratamentos. Hoje isso é uma palavra de ordem para a estética: a naturalização, os resultados mais naturais e mais sustentáveis. A tecnologia nos permite tratar, por exemplo, flacidez, cicatrizes e doenças de pele de acordo com a necessidade de cada um, sem a utilização de excesso de semi-injetáveis, que podem, a longo prazo, causar intolerância. Por exemplo, se você trata flacidez apenas repondo volume com uma substância e preenchedores, você causa deformidades.

Nós passamos por um boom que foi chamado de harmonização facial, que depois logo ganhou o apelido de “demonização facial”. Hoje, as pessoas estão tirando os produtos do rosto, porque ao invés de tratar flacidez com tecnologia, tratou a flacidez apenas injetando mais e mais volume de produto. É por isso que a gente não pode fechar os olhos para o avanço, a gente tem que procurar o novo, mesmo com as dificuldades. A tecnologia é cara, importada e precisa uma manutenção primorosa sim, mas quem trabalha com isso precisa investir, porque senão vai ficar para trás ou não vai entregar para o paciente um resultado de excelência. É por isso que nós primamos por investimento em todas as facetas necessárias para entregar o melhor resultado para os nossos pacientes. Na SANLAZZARO, sempre acreditamos muito na inovação, na tecnologia, e na importância que a dermatologia ocupa na vida das pessoas, na saúde, no bem-estar, na melhora da autoestima, a qualidade de vida, que é uma coisa hoje tão abordada e tão imprescindível.

 

Em meio a um mercado em ebulição, como a SANLAZZARO tem se posicionado de modo a ser um diferencial e se destacar nos serviços oferecidos?

É treinamento de equipe e seleção de pessoas. Continuamos participando ativamente de todos os eventos nacionais e internacionais da nossa área – tanto de dermatologia quanto de dermatologia estética – acabamos de adquirir duas tecnologias novas para tratamento, então nós estamos sempre atualizando as nossas tecnologias e nossa equipe médica. Temos um corpo de auxiliares técnicas e de enfermagem super preparado, treinado. Nada entra ou sai da clínica, todos os nossos produtos são de fornecedores, nós compramos tudo na origem das fábricas, não existe compra terceirizada. Nós temos um volume que negociamos diretamente com os principais fornecedores dos produtos, só investimos em matéria prima de qualidade, então, isso é um grande diferencial.

Todos os nossos aparelhos têm registro da ANVISA para funcionamento, porque nem todo aparelho de laser poderia estar no consultório se ele não tem selo da ANVISA. Nós temos órgãos regulatórios que indicam se há segurança ou não naquele aparelho e nem todos os aparelhos que estão no Brasil hoje têm essa permissão, esse registro. Então, nós primamos muito pela transparência e pela qualidade de tudo que será entregue para os nossos pacientes.

 

Você forma a SANLAZZARO juntamente com Lídia Salles, Marta Mascarenhas e Juliana Dumet. Como foi o processo para começar a empreender e conquistar espaço em um mercado com forte presença masculina?

Olha, na verdade, nós nunca paramos para pensar que teríamos qualquer dificuldade pelo fato de ser mulher. A gente sempre agiu com muita naturalidade em relação a isso e foi acontecendo de uma forma muito espontânea. Quando demos conta, já estávamos com o quadro de cerca de 30 mulheres e, a partir desse momento, nós decidimos avançar contratando apenas o público feminino. Logo no início nós tivemos um sócio que foi um cirurgião plástico, mas ele ficou cerca de um ano somente na sociedade e logo compramos a parte dele. A Dra. Maria de Lourdes, que já faleceu, me convidou para ser sócia e quando eu cheguei com Juliana, a gente identificou que era necessário começar a profissionalizar. Começamos a investir, contratar consultorias e nunca nos percebemos como uma mulher quebrando a barreira, a gente simplesmente foi. Eu acho que na dermatologia, por lidar com o público muito de mulheres, isso foi uma coisa muito natural.

A maior dificuldade de sermos todas mulheres é aquela coisa da mulher sempre ser multifuncional, de sempre equilibrar muitos pratos. A dificuldade é realmente estar sempre realinhando a nossa equipe e tentando contornar o que fica fora do trabalho, como a casa, filhos e marido. A mulher carrega muito a casa para o trabalho. Nosso maior desafio é fazer com que a nossa equipe trabalhe de forma coesa, que se apoie e que uma ajude a outra um pouco. É muito enriquecedor porque a mulher responde mais rápido, a mulher é criativa e eu acho que são imbatíveis na hora que a gente precisa de ajuda. Em momentos de crise que você vê a beleza do feminino. No momento de maior dificuldade, as mulheres se unem, se dão as mãos, e é uma coisa bem bacana.

 

A procura do público masculino pelos procedimentos estéticos também está aumentando?

Nosso público, inicialmente, era quase 100% feminino, mas hoje já temos aí uma parcela de mais ou menos 15% de clientes homens na nossa clínica. Homens estão cada vez mais entendendo e buscando os nossos tratamentos. Inclusive, hoje a gente já vê as mulheres trazendo os maridos porque elas não querem ficar muito bem, enquanto os maridos não. É bacana que o casal fique bem junto, né, então esse é o movimento que hoje a gente vem acompanhando.

 

Dra. Iara Lemos. Foto: Reprodução/Redes Sociais

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