Se você é adepto das redes sociais – e hoje quem não é ? – com certeza já leu algum texto assinado pelo escritor Edgard Abbehusen. Seus vizinhos também devem conhecer, os artistas replicam suas mensagens, no Aeroporto de Salvador há um mural com seus escritos e com isso, ele que nasceu em Muritiba, no interior da Bahia, ganhou o mundo. Com dois livros lançados: “Quem tem como me amar não me perde em nada” e “O que tiver de ser, amar”, e um perfil que acumula quase 900 mil seguidores no Instagram, Edgard se intitula criador de conteúdo afetivo.
Quais os planos, novidades e expectativas para 2020?
Acho que 2020 é o grande ano da minha carreira. Pela primeira vez, irei lançar um livro por uma grande editora que vai disponibilizar ele em todas as livrarias do Brasil e todas as plataformas digitais. Tem a Bienal de São Paulo… O ano promete. Eu quero ficar ainda mais independente do Instagram, explorando outras plataformas e buscando espaço nas feiras literárias e escolas. Estou buscando uma coluna em um jornal impresso e produzindo um podcast. Minha ideia é me aproximar mais dos meus leitores, interagir com eles. 2019 foi um ano muito positivo para minha carreira, de muita colheita, mas também de muito trabalho. E pelo que estou sentido, 2020 vai continuar nesse ritmo.
Seus livros trazem histórias próprias?
Acho que cada história que escrevo tem um pouco de mim. Um sentimento, um pensamento meu em relação a um fato. A liberdade da escrita me permite isso. Viver histórias que não são minhas, como se estivesse lá. E transformar as minhas histórias em sentimentos que se conectam com o sentimento do outro.
Em tempo de distância presencial e proximidade virtual, seu trabalho toca as pessoas. Qual sentimento que traz ao saber disso?
Sabe, o que escrevo é alvo de muitos elogios e também de muita crítica. Mas eu procuro focar em quem gosta de me acompanhar. Eu sou escritor de livros que nasceu na era digital e sou um produtor de conteúdo afetivo. O afeto toca as pessoas. Leva as pessoas à reflexão. Você não tem noção da quantidade de relatos que recebo. Da complexidade de cada história. Pessoas do Brasil, brasileiros que estão me lendo no exterior. Isso é gratificante. Apesar de saber que existe uma turma que torce a cara para o que escrevo – afinal, ninguém é unanimidade, existe a turma que admira. E mais do que admira: existem pessoas que relatam ter tomado decisões importantes na vida. Imagina você saber que seus textos são a companhia de uma pessoa nas suas sessões de quimioterapia ou terminou um relacionamento abusivo por conta de um texto que você publicou? O sentimento é esse: Eu quero continuar nesse caminho.
Quais as suas grandes referências?
Jorge Amado, Fernando Pessoa… Evandro Mota, poeta Muritibano. E Muritiba. A grande referência que tenho são as pessoas e histórias da minha cidade. Tudo o que escrevo sai de lá. Eu preciso de Muritiba, da minha infância, dos meus vizinhos, das lembranças da minha vida para que meus textos existam. Eu poderia citar para você vários poetas que leio, vários livros que li para parecer um desses intelectuais que adoram se sentir intocáveis. Eu sou de Muritiba, velho. Tem referência mais bonita e poderosa do que essa? Rs