Passando a quarentena em Salvador, sua cidade natal, o ator Fabrício Boliveira se prepara para o lançamento, neste domingo (30), pelo Globoplay, do filme Breve Miragem do Sol, dirigido por Eryk Rocha – filho do Glauber Rocha. Em bate-papo com o Anota Bahia através da live do site no projeto A Tarde Conecta, o ator, que já estava e sua sexta transmissão do dia, falou sobre essa expectativa, relembrou outros papéis e revelou sobre projetos futuros. Iniciamos perguntando sobre o processo de produção do filme e como é fazer um lançamento em plena pandemia: “É um filme que ia para o cinema, mas que por conta dessa situação, de forma inédita vai diretamente para uma plataforma de streaming. Já era um projeto do Eryk Rocha de muitos anos. Ele tem um trabalho de conexão com a rua, muito ligado a história do seu pai. Esse filme conta essa relação com os motoristas. O meu personagem, o Paulo, é um homem formado em comunicação, mas que vai trabalhar na rua como motorista. Ou seja, uma história comum, porque a gente ouve isso toda hora de alguém – advogados, administradores, publicitários que vão complementar sua renda dirigindo. Tudo deu tão certo, que virei coprodutor do filme”, disse.
“O filme é desafiador, trabalhamos muito o roteiro dele, mas não fazíamos as cenas como elas estavam escritas. Eu não conhecia os atores quando ia buscar eles de taxi, gravando, por exemplo. Além disso, conheci o Rio de Janeiro, onde moro, como motorista mesmo, brigando ali com o Waze. Cheguei a ir para uma linha de tiro e zonas de conflito”, relembra. “Mas tudo é diferente. Estamos nos adaptando, fazendo lives com entrevistas, lançamentos digitais, claro que no Globoplay já há uma força, mas ao mesmo tempo temos que desenrolar e falar de muita coisa sobre a obra, de uma forma nunca vista, que está sendo descoberta”, analisa. Perguntamos sobre essa onda de lives e entrevistas virtuais, que trazem praticidade para a agenda do artista, e Fabrício discorre: “Acho que isso vai ser um complemento. Eu adoro coletivas presenciais, por exemplo, ali as perguntas se completam, novas curiosidades acontecem, além de que o contato direto é muito mais interessante. A tela que nos separa cria um comportamento diferente. Mas acho que as lives vieram para ficar e agregar, vamos unir as coisas”.
Relembramos sua atuação com papel de afirmação, empoderamento e defesa dos negros, como Roberval, na novela Segundo Sol, da Rede Globo, que se passava em Salvador: “Foi ótimo poder falar da minha cidade para minha cidade e falar de coisas intrínsecas a nossa formação colonial e impositora, e os resquícios disso hoje. Tudo que eu falava reverberava muito no país inteiro, éramos Trending Topic do Twitter o tempo todo. É interessante, porque eu sou muito de aparecer quando estou trabalhando, quando não estou, prefiro viver minha vida, dá uma sumida. Gosto de falar quando tenho que falar. Me lembro de ouvi um policial negro dizendo que eu gerava discussão dentro da casa dele. Que eu abria o olhar deles sobre o tratamento do negro na sociedade, isso é marcante”, diz. Fabrício que também atuou em filmes como Simonal (2018) e Faroeste Caboclo (2013), tem participação confirmada no longa Eduardo e Mônica, que será lançado em breve e foi convidado para a novela Cara & Coragem, que estreia em 2021, na Globo.