Luís Felipe Guimarães

Fernando Cerqueira – empresário fala sobre autoconhecimento e novo momento como escritor

    Fernando Cerqueira. Foto: Renata Marques

    Empreendedor, palestrante, consultor público e mentor em autoconhecimento: com uma trajetória marcada pela escuta sensível e pela ação comunitária, Fernando Cerqueira agora se apresenta também como escritor, após o lançamento do seu primeiro livro ‘As Marcas de Mim’, no início do mês de maio. Na obra, o autor fala sobre ansiedade, amor-próprio e renascimento emocional, trazendo uma narrativa autobiográfica e poética que fala sobre dores invisíveis. Fernando revela suas vivências com ansiedade, auto-aceitação e espiritualidade, enquanto faz um convite para olhar para dentro, transformar dor em aprendizado e se reconhecer nas páginas de outro alguém. Em entrevista ao Anota Bahia, o empresário desdobrou as temáticas abordadas no livro, a importância do autoconhecimento e novos passos.

    Após mais de 15 anos atuando em projetos sociais e programas comunitários, você decidiu entrar em um novo universo: a escrita. Como surgiu esse interesse em escrever e se conectar com os leitores?

    A escrita sempre esteve presente em minha vida, mesmo que de forma silenciosa. Escrever surgiu na terapia, inicialmente como atividade, depois para dar voz a essas experiências, de transformar vivências internas em palavras que pudessem alcançar o outro. A conexão com o leitor é, pra mim, uma extensão do que eu compreendi em terapia, é tocar, provocar reflexão e, quem sabe, ajudar alguém a se enxergar com mais clareza e coragem.

    Você é bastante engajado em projetos sociais e em temas relacionados à saúde mental. Dentro desse viés, como seu novo livro ‘As Marcas de Mim’ pode ajudar aqueles que precisam reconhecer e superarem suas próprias dores?

    ‘As Marcas de Mim’ é, acima de tudo, um espelho. Eu me coloco ali de forma vulnerável, com minhas quedas, minhas crises, meus silêncios — para mostrar que sentir não é fraqueza. Que ter dúvidas, dores e medos não nos desqualifica como seres humanos. O livro propõe um diálogo sincero com quem está vivendo um processo de cura ou simplesmente tentando se entender. Ele ajuda porque não aponta o dedo nem oferece soluções prontas — ele acolhe, convida à reflexão e legitima o que tantas pessoas sentem, mas não sabem nomear.

    Como foi pra você o processo de escrita desse livro, que é estruturado como um relato íntimo, sobre sua própria luta contra ansiedade e busca pelo autoconhecimento?

    Foi um processo intenso, muitas vezes doloroso, mas necessário. Revisitar lugares mais profundos, entender os gatilhos, reviver momentos difíceis… não foi fácil. Mas escrever me ofereceu algo que o silêncio não dava: compreensão. Eu compreendi, durante a escrita, que o autoconhecimento é um caminho que não se percorre com pressa. Cada capítulo é um recorte de mim, e cada palavra foi escolhida com cuidado, para não só contar a minha história, mas para abrir espaço para que o leitor também resgate a sua.

    Muitos entendem a autoaceitação e o autoconhecimento como sinônimos, já outros entendem como dois pilares que se complementam. Qual a sua visão?

    Eu vejo como dois processos que caminham juntos, mas que têm naturezas diferentes. O autoconhecimento é o ato de olhar para dentro e entender quem se é — com luzes e sombras. A autoaceitação é o passo seguinte, e talvez o mais difícil: é acolher o que se descobre. É fácil buscar respostas quando acreditamos que vamos encontrar apenas virtudes. Mas aceitar o que se revela, inclusive o que não gostamos ou o que nos envergonha, é o verdadeiro exercício de amor-próprio. São pilares complementares — um sustenta o outro.

    Em uma atualidade onde as pessoas vivem em ritmo acelerado, querem tudo com agilidade e se comparam tanto com terceiros, qual a mensagem que você quer passar para os seus leitores?

    Que desacelerar é um ato de coragem. Vivemos numa sociedade que nos empurra para performar, produzir, aparentar sucesso. E, nesse cenário, é muito fácil se perder de si. A mensagem central que deixo é: você não precisa ser perfeito para ser inteiro. Cada pessoa tem seu tempo, suas marcas, seu processo. Comparar-se só rouba a beleza do que você está construindo. Meu convite é: pare, respire, sinta. O que você está buscando fora talvez já exista dentro.

    Fernando Cerqueira. Foto: Renata Marques

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