Se estivéssemos vivendo um tempo sem pandemia, o Carnaval de Salvador começaria oficialmente daqui há quatro dias. O extra-oficial já estaria acontecendo, com batuques, sons, brilho e sorrisos em cada avenida movimentada da cidade, em cada ruela também. Mas o momento é outro, e para não deixar a folia – tão inerente, rente à pele dos baianos e turistas que amam nosso estado, seguimos entrevistando grandes artistas, verdadeiros players da maior festa popular do planeta. E hoje, ninguém mais, ninguém menos que Ivete Sangalo, vai dividir conosco seus anseios sobre esse Carnaval sem Carnaval, sem deixar de lado assuntos como seu ócio criativo, a relação familiar na quarentena, e claro, a grande Live de Carnaval que irá realizar ao lado de Claudia Leitte, nossa entrevistada da semana passada, no dia 13 de fevereiro, a partir das 18h30, com transmissão pelos canais digitais. Agora, vamos deixar o lero-lero de lado e vamos saber o que pensa uma das artistas mais marcantes do país, que celebra uma trajetória incrível de quase 30 anos de muito sucesso, pouca vaidade e muito trabalho.
O ano da artista
Depois de um Carnaval apoteótico em 2020, com direito a muitos dias de bloco e ainda um Camarote em pleno circuito Barra/Ondina, para chamar de seu, Ivete Sangalo entrou no período de resguardo, por conta da pandemia, como uma das cantoras que mais produziu musicalmente no país. Além de ter realizado lives que se tornaram históricas – quem não lembra dela com pijama de bolinha, pulando na sala de casa? Ou vestida de caipira, entoando sucessos de São João? -, a artista entrou em um processo intenso de lançamentos de músicas, em diferentes estilos e com parcerias variadas, fazendo a alegrias dos seus fãs.
LONGE DA FOLIA
“Já estamos com tudo pronto: repertório, cenário, a alegria e a vontade de fazer. Para nós, passar esse tempo longe da folia é bem diferente. Embora necessário. Estamos fazendo com que nossa alegria chegue na casa das pessoas através dessa live”.
PARCERIA COM CLAUDIA LEITTE
“A gente já vinha falando muitas vezes sobre fazer algo juntas, mas nessa proporção é a primeira vez. De ser uma festa e um show pensados juntos”.
REPERTÓRIO DA LIVE
“O repertório contempla o trabalho das duas, pincelando a história da carreira e os últimos lançamentos de cada uma. Será um show em que estaremos juntas, mas não podemos divulgar o lugar com a intenção de não causar curiosidade e aglomeração”.
“O grande aprendizado é respeitar a natureza, as pessoas. Nunca foi tão importante respeitar o pensamento em si e no coletivo”.
LIÇÃO DA PANDEMIA
“A maior lição foi que, de fato, nós não sabemos nada. Conviver com a dúvida e com o receio traz um desconforto emocional grande. Mas nesse momento é importante movimentar outras emoções para que a gente não seja soterrado pelo negativismo e por tantas coisas difíceis que vem acontecendo. O grande aprendizado é respeitar a natureza, as pessoas. Nunca foi tão importante respeitar o pensamento em si e no coletivo”.
(NÃO) PLANEJAMENTO
“O que se deu durante a pandemia em 2020 não foi um planejamento, na verdade foi uma falta dele. Havia uma agenda, uma ordem de projetos, e a pandemia nos pegou de surpresa. Eu procurei pegar minha energia, esse ócio, esses momentos dentro de casa e transformar em arte, em música, em alguma coisa que eu pudesse levar para as pessoas como um carinho, um acalanto. Eu pensei muito nos meus fãs e em como chegar até eles. Foi exatamente um não planejamento, as coisas aconteceram porque tinham que acontecer”.
PARCERIAS MUSICAIS DIVERSIFICADAS
“Eu conheci Mc Zaac em um show de Claudia Leitte, inclusive, e naquele momento a gente levantou a possibilidade de fazermos algo. Eu adoro ele, acho a voz sensacional e gosto da maneira com o ele faz as divisões da música dele. Durante a pandemia conversamos para realizar essa parceria (Não pode parar), que é uma composição dele, minha e de Radamés Venâncio. O Jão foi um convite dele, é um artista novo, com muita presença, muita personalidade, uma voz linda também. Foi um prazer gravar com ele (Me liga)”.
“Eu procurei pegar minha energia, esse ócio, esses momentos dentro de casa e transformar em arte, em música, em alguma coisa que eu pudesse levar para as pessoas como um carinho”
RELAÇÃO FAMILIAR
“Graças a Deus na minha história, na minha caminhada, eu tenho muitos privilégios como artista. Consegui, depois de ter meus filhos, ter uma presença na vida deles. Obviamente que, com a pandemia, esse convívio foi mais intenso, na plenitude do intenso. Sem dúvida nenhuma, amenizou muito estar junto com meu marido, meus filhos, em casa. Isso nos deu uma fortaleza, uma energia que se renovava a cada dia para a gente conseguir pensar de forma positiva”.
FIGURINOS E MODA
“Eu sempre usei muito as coisas que eu quis, de forma confortável. Eu nunca fui uma pessoa grilada com isso, pelo contrário. Tive a sorte de trabalhar sempre com profissionais muito competentes – uns mais sensíveis aos meus gostos – mas eu sempre fiquei muito feliz. A roupa é uma parte do processo, mas não é o todo. A soma dessas energias gera a impressão no público de beleza, de alegria e de leveza”.
FUTURO
“Eu continuo trabalhando, compondo muito, tenho feito encontros com alguns parceiros. É um momento que não estou viajando, então estou usando esse ócio em benefício da minha arte. Tenho muitos projetos para 2021 e com fé em Deus vamos realizá-los. Logo logo essa pandemia se finda, meu desejo é que todos sejam vacinados, para que a gente consiga colocar em prática nossos sonhos e nossas conquistas”.
“Eu pensei muito nos meus fãs e em como chegar até eles. Foi exatamente um não planejamento, as coisas aconteceram porque tinham que acontecer”.