Marcia Castro. Foto: Pedrita Junckes.

Um acalanto para a alma. A cantora baiana Marcia Castro lançou, nesta quinta-feira (21), o seu novo álbum, intitulado “Axé”. O disco irradia vida, cores, alegria e, sobretudo, esperança, fundamental para o momento que o mundo atravessa. Em entrevista exclusiva ao Anota Bahia, Castro comentou sobre o objetivo do disco. “A ideia do álbum surgiu em 2018, quando tive as primeiras conversas com Marcus Preto. Sabíamos que o disco seria de Axé, com influência da música baiana dos anos 90, da chamada fase de ouro. Ao todo, ficamos um ano nesse processo, escolhendo músicas, pensando nos convidados, nos compositores, para em 2019 a gente começar, de fato, a gravar o disco. A partir desse momento, tudo foi muito fluido, acredito que este álbum foi um dos mais espontâneos que fiz, no sentido das coisas irem acontecendo muito naturalmente”, disse a artista.

Com notável proeza, oriunda do seu talento, Marcia Castro reuniu grandes nomes da música brasileira em um verdadeiro time dos sonhos. Com participações para lá de especiais, o disco “Axé” contou com faixas gravadas por Margareth Menezes, Daniela Mercury e Ivete Sangalo. “Quando a gente teve a ideia do disco, pensamos em trazer esse papel da mulher na música baiana. Afinal, as vozes femininas foram as verdadeiras construtoras dessa história. Por isso, nós queríamos trazê-las para o nosso trabalho. Claro que dentro de um álbum não iríamos conseguir juntar todas as cantoras que a gente gostaria de convidar para o projeto. Tivemos, então, que nos deter em três pilares. O primeiro deles não poderia ser outro senão Margareth Menezes, a primeira cantora negra de trio, de repercussão nacional dentro da nossa música, além de ser uma grande referência para mim. Em seguida, Daniela Mercury, que foi a pessoa que levou a música baiana para fora da Bahia; ela nacionalizou o Axé. E Ivete Sangalo, a nossa grande estrela pop. Entendemos, no entanto, que esse é um recorte, que não se resume a elas, mas traz, inevitavelmente, essa referência feminina na edificação da nossa música”, contou.

Inicialmente, o álbum estava previsto para ser lançado em abril de 2020, mas, devido à pandemia do novo coronavírus, os planos foram repensados, e o disco repaginado. “Nesse processo, nos foi dada a oportunidade de olhar de novo para algumas músicas; implementamos alguns arranjos, pudemos olhar com mais carinho para o álbum todo. Conseguimos aperfeiçoar um pouco o resultado final. O nosso disco tem, hoje, um objetivo muito mais amplo do que tinha quando a gente pensou em lançar no ano passado. A música baiana possui em si essa alegria, positividade, sempre foi uma música solar, com mensagens de fé. A gente está saindo de um período pandêmico, que fragilizou, por óbvio, todos nós. Desta forma, lançar um álbum que sensorialmente fala de esperança, de otimismo, de força, é algo muito bonito. A gente decidiu sair com a música ‘Ver a Maravilha’, justamente para dar esse recado, de ver a maravilha das pequenas coisas da vida. Espero que esse álbum funcione como um acalanto para as pessoas nesse período”, explicou Marcia Castro.

O álbum “Axé” quebrou fronteiras, uniu diversas frentes da música brasileira. Para se ter uma ideia, o disco conta com composições de Emicida, Russo Passapusso, Nando Reis e Carlinhos Brown. Marcia Castro comentou sobre essa diversidade sonora. “Sou adepta da política da corda de caranguejo, a gente tem que arrastar, ir puxando as pessoas juntos conosco, dentro do seu tamanho, claro, do seu alcance. O Brasil é um país imenso, com diversas representações culturais, com inúmeras pessoas para difundir sua arte, então, quanto mais a gente puder pulverizar isso, divulgar, mais estaremos contribuindo para o nosso próprio mercado. Até porque, no final das contas, tudo tem uma unidade, apesar das diferentes linguagens artísticas”, disse.

Diante da diminuição dos indicadores sanitários, provenientes do avanço da vacinação no Brasil, a expectativa pela retomada dos eventos culturais, sobretudo o Carnaval de Salvador de 2022, cresce cada vez mais. No entanto, algumas dificuldades se anunciam. Marcia Castro relatou o seu desejo por esse momento, mas ressaltou receio. “Obviamente, temos o desejo de matar a saudade da maior festa de rua do mundo, de estar perto do público novamente, mas, ao mesmo tempo, temos receio que aconteça, sobretudo, no nosso formato antigo de carnaval de rua, para milhões de pessoas. A gente ainda não sabe o nível de segurança que podemos alcançar em relação à pandemia. Hoje temos um cenário favorável com os indicadores sanitários, mas é difícil a gente falar que é favorável para reunir milhões de pessoas na rua. Eu acredito que algum carnaval vai existir, a gente não sabe  ainda o modelo”, ponderou a artista. “As conversas para o Carnaval de 2022 já estão acontecendo, inclusive, até mais para São Paulo do que para Salvador. Inclusive, o prefeito da capital baiana disse que vai precisar definir se realmente acontecerá o carnaval ou não, porque um evento como esse precisa de uma organização com antecedência. Então, naturalmente, ainda não podemos ter conversas para a festa em Salvador, pois a gente não sabe se vai acontecer e em que formato será. Aqui em São Paulo estamos avançando nas tratativas, traçando planos alternativos para a festa”, concluiu.

Apesar das incertezas que ainda pairam no universo da retomada, Marcia Castro anunciou que lançará um vinil para o álbum em fevereiro de 2022. “Independente de acontecer ou não o carnaval, em fevereiro nós vamos lançar o vinil do projeto, vai ser, digamos, um novo lançamento do álbum. Vamos esquentar de novo a turbina”, antecipou. Por fim, a artista comentou sobre possíveis shows em Salvador e declarou o primeiro evento que fará com o novo álbum. “Eu chego na capital baiana em dezembro, onde costumo passar os verões, mas ao certo ainda não temos um evento específico. Há, no entanto, possibilidades de ano novo, mas nada confirmado. Gostaria muito de poder assegurar uma data, mas tudo ainda é incerto. O que é certo é que em 04 de dezembro  nós vamos fazer um show, em São Paulo que será o ponto de partida, no entanto, será um evento para convidados, pois vamos tocar para o nosso patrocinador, apoiador do disco. Consideramos essa festa como o início para os shows presenciais, para a retomada que um dia virá”, adiantou.

Marcia Castro. Foto: Pedrita Junckes.