Otto Alencar. Foto: Reprodução.
Otto Alencar. Foto: Reprodução.

Candidato à reeleição, o senador Otto Alencar, atual presidente do PSD na Bahia, comentou, em entrevista exclusiva ao jornalista Osvaldo Lyra, do Jornal A Tarde, sobre os principais desafios da política nas eleições de 2022. O parlamentar abordou temas centrais para as disputas eleitorais deste ano, como a crise na Amazônia e a condição dos combustíveis no país. Além disso, o sanador falou, é claro, a respeito da disputa ao governo da Bahia.

Senador, eu quero começar o nosso papo com a sua apresentação para o eleitorado baiano e qual a justificativa para votar em você na próxima eleição?

A minha candidatura à reeleição vem da base das lideranças do meu partido, o PSD, de partidos aliados, de vereadores, prefeitos, ex-prefeitos, deputados federais e estaduais. Também da nossa aliança com o governador Rui Costa, com os senadores Angelo Coronel, Jaques Wagner, e com o presidente Lula, que nos incentivaram a buscar a reeleição. Além disso, nesses sete anos, eu fui presidente de quatro comissões no Senado. A Comissão de Meio Ambiente, debatendo temas importantíssimos, inclusive na defesa da Floresta Amazônica, dos rios, da revitalização dos rios. Fui presidente também na Comissão de Ciência e Tecnologia, onde debatemos temas como a expansão da banda larga. Fui presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, debatendo vários temas de interesse do povo brasileiro. Fui líder da segunda maior bancada do Senado Federal, a bancada do PSD, e procurei acima de tudo trabalhar dentro da ética, da honra, dos compromissos dentro dos limites da lei, sobretudo atendendo aquilo que meu povo mais deseja. Um político correto do ponto de vista do trato da coisa pública. Esses pré-requisitos me incentivam muito a buscar a minha reeleição no Senado Federal.

Qual o maior desafio em assumir essa candidatura à reeleição?

Tudo na política é um desafio permanente. Eu sempre me pauto com muito trabalho. Considero que o mandato é uma missão e todos os dias você tem que ter disponibilidade para trabalhar, para se dedicar dentro do Parlamento a aprovar as matérias importantes que possam beneficiar a nossa população, estudar todos os temas e ter a capacidade de apresentar alterações a algumas legislações que são apresentadas pelo poder Executivo, ou que nascem mesmo no Senado Federal, no sentido de atender àquilo que a população brasileira precisa. Nesse período, eu aprovei projetos importantes de minha autoria, aprovamos uma proposta de emenda constitucional de minha autoria. Relatei projetos no período da pandemia para atendimento às vítimas da COVID-19 e aprovamos, hoje é uma lei. Enfim, o trabalho nas comissões… Até porque no Senado não é só trabalho de Plenário, tem o trabalho das comissões, e eu sempre fui muito ativo na participação de todas as comissões que eu presidi ou participei.

Uma eleição para o Senado é decidida em um turno só e promete ser uma das mais disputadas nesta campanha na Bahia. Qual vai ser a principal estratégia para garantir a sua reeleição?

Toda eleição é muito disputada, e essa eleição começou muito cedo, até porque nós temos eleição no Brasil de dois em dois anos, quando termina a eleição de prefeito começa o debate sobre a eleição de governador, senador, deputado federal e estadual. O desafio é o de sempre. Buscar ser claro nas suas colocações, na defesa daquilo que você propõe, acredita e defende. Ouvir as pessoas nas diversas regiões, diversos territórios do nosso estado, capital e interior. E com muita clareza defender as teses que você propõe, sintonizadas com os interesses da população, e cumpri-las. Por exemplo, em 2014 quando coloquei a minha candidatura, eu tenho checado as coisas que eu me comprometi a fazer e eu fiz. Eu defendi o trabalhador, defendi os aposentados, defendi os interesses sociais do povo baiano e brasileiro, defendi a saúde, lutei muito na CPI da pandemia para mostrar os erros do governo e dizer que a ciência vale mais do que o poder do Presidente da República, de que a ciência é que resolve os problemas da doença que se abateu sobre o Brasil, que a vacina é o melhor caminho, e não uma medicação ineficaz, ultrapassada e que não tinha nenhuma eficácia. Dessa forma, foi o procedimento que eu defendi com muita firmeza, como é do meu estilo, com muita coragem e determinação.

Como está sendo a condução da chapa majoritária? Você é mais conhecido que Jerônimo, você vai ajudar Jerônimo a atrair votos ou vai ser o oposto pela força do PT?

A eleição, como eu falei antes, começou muito cedo. Os programas serão bem debatidos quando começarmos o horário do rádio e da televisão, que pode atingir o grande eleitorado de 11 milhões e 500 mil eleitores. Nós estamos fazendo programa de governo participativo, ouvindo a população, e é natural que ao longo da caminhada e da campanha você vai avaliando passo a passo. A nossa chapa está bem equilibrada, tem uma sintonia muito grande com as propostas do presidente Lula e Geraldo Alckmin a nível nacional. Nós conversamos, tanto eu quanto Jerônimo, antes do 2 de julho, com o presidente Lula. Colocamos a nossa posição aqui na Bahia de ter essa interlocução com ele, até porque o governador Rui Costa não teve com o atual presidente. O atual presidente cercou todos os recursos que poderiam vir para a Bahia de convênios, de transferências. Nós achamos e pensamos como o presidente Lula pensa, de que a partir de 2023 tem que ter um projeto, ele concordou com isso, um programa de aceleração do crescimento, para não só fazer crescer o produto interno bruto, mas com atividades que são altamente intensivas na absorção de mão de obra, com a construção civil, o setor de fiação e têxtil, todo o setor do comércio, do turismo, da infraestrutura, de o estado ter cooperação com a União e trabalhar para tirar o Brasil do desemprego. Dez milhões de desempregados hoje, 40 milhões de trabalhadores na informalidade, 33 milhões no mapa da fome e um momento econômico gravíssimo onde os quatro principais indicadores da economia estão em altíssimo risco. Inflação alta, juros, taxa Selic alta, dólar alto e bolsa oscilando. Agora, o Jornal Valor mostra que as empresas brasileiras perderam muito da sua valorização na bolsa pela sua insegurança econômica que o Brasil vive hoje.

Qual o impacto que a disputa nacional terá sobre a eleição da Bahia, tanto na disputa para o governo quanto na disputa para o Senado?

A eleição nacional sempre teve uma influência muito grande na eleição estadual. Basta que você observe os votos que foram dados a Wagner em 2006, ao presidente Lula em 2006, a Wagner em 2010 e à presidente Dilma em 2010, a Rui em 2014 e à presidente Dilma em 2014, a Rui em 2018 e a Haddad em 2018. Você vai ver que os números são muito parecidos. Então, sempre essa tem sido a regra geral, até antes de Lula, no período anterior, Fernando Henrique, os números eram bastante parecidos. Então, não há como negar que existirá uma influência muito grande. Eu não posso estabelecer o quanto vai ser a influência de transferência ou não de votos, mas a história das eleições nacionais desde o período Fernando Henrique para cá tem uma coincidência muito grande.

Qual vai ser a pauta principal que dominará a agenda dos senadores a partir de janeiro do próximo ano?

Nós vamos continuar lutando por temas que eu acho que são importantes e precisam ser resolvidos ainda, porque foram praticamente esquecidos agora. Defesa do meio ambiente, das bacias hidrográficas, sobretudo do Rio São Francisco, da Floresta Amazônica, defender o meio ambiente como eu sempre defendi é vital para as futuras gerações. Tivemos dois ministérios que vão ter que passar por uma reformulação e um corte de recursos muito grande, o Ministério da Educação, lutar pela educação, lutar por mais recursos pela área de saúde. É importante ampliar os recursos do Sistema Único de Saúde como meta para atender à população que não dispõe do seguro privado. Ajudar a aprovar matérias que possam estar relacionadas com a geração de emprego e renda. Defender o trabalhador nas suas garantias previdenciárias e também na consolidação dos direitos trabalhistas, como sempre o fiz. Votar e estimular, como o presidente Lula falou, recriar o Ministério da Cultura. O Brasil não pode ficar, não pode ser um apagão como foi agora no setor cultural. E também a expansão da banda larga pelo país para que todos possam ter acesso a internet rápida e de boa qualidade. O que proceder dentro da ética, ser um político como eu tenho sido… Um político dentro dos limites da lei, do que circunscreve a lei, sem cometer nenhum ato que não seja justo, honesto, correto, decente, como deseja o povo baiano, como é a cultura do meu povo.

Como enxerga essa discussão sobre a isenção dos tributos que incidem sobre o alto custo do combustível?

Todo brasileiro, todo político quer diminuir a carga tributária. A carga tributária no Brasil está em torno de 34%, uma das maiores cargas tributárias do mundo. O governo veio trabalhar e encaminhar para o Congresso faltando três meses para a eleição a redução tributária em uma manifestação clara de que o Presidente da República deseja de última hora fazer a defesa da redução da carga tributária quando já deveria ter feito isso lá atrás, há muito tempo que nós clamamos por isso, há alguns anos, sobre a redução da carga tributária. O nosso apoio a esses temas será sempre importante para reduzir os custos não só dos combustíveis, como também de todos os produtos, sobretudo os produtos da cesta básica que inflacionaram muito e diminuíram muito o poder de compra das famílias. Eu votei a favor, mesmo sabendo que isso poderia ter sido feito há muito tempo atrás, assim que o governo assumiu, ele poderia propor que se fizesse uma reforma tributária que não andou nem no Senado e nem na Câmara, a proposta de reforma do imposto de renda era danosa aos estados, aos municípios, e não prosperou também. Portanto, o que nós esperamos é que possa se encaminhar ao Congresso uma reforma tributária que diminua a carga tributária para o consumidor, lá na ponta, e dê também condições às empresas de trabalharem para gerar emprego e renda. Nós estimulamos muito que o governo possa através do BNDSS, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, dos fundos para apresentar condições de financiamento para que as empresas possam ampliar suas ações, as suas plantas de produção, porque quando amplia, emprega. Quando emprega, tem salário, tem carteira assinada. Quando tem salário, tem compra, tem aquecimento do mercado interno. Essa é uma visão que eu tenho com muita clareza.

Aproveitando esse gancho, quais as principais reformas que o Brasil precisa aprovar e porque elas não avançam no Congresso?

Das reformas que eu defendo, a reforma da lei eleitoral. Eu acho que eleição de 2 em 2 anos… O Congresso deveria tomar essa posição e fazer eleições gerais, até estendendo o mandato para cinco anos. O Brasil não vai suportar ter eleição de dois em dois anos. Termina a eleição de governador, começa a se falar em eleição de prefeito… Essa é uma reforma super importante, que o governo poderá encaminhar no seu primeiro ano. Reforma dessa abrangência só dá para fazer no início da gestão.

Para finalizar, que mensagem o senhor deixa para a população, para os nossos leitores do Jornal A Tarde, já que a gente está a 3 meses do processo eleitoral?

Eu quero agradecer a oportunidade de me expressar pela importância do Jornal A Tarde. Segundo, esperar que a eleição seja o que eu penso e o que eu defendo, seja a festa da democracia, que ocorra dentro dos limites da lei, com os candidatos colocando suas propostas, respeitando-se uns aos outros, com uma linguagem parlamentar, de clareza a respeito dos temas que serão defendidos. Eu sempre procuro fazer as minhas campanhas em alto nível. É momento do Brasil… É momento de muita tensão política, causada até pela própria postura do presidente que sempre coloca posições de costume contra os seus adversários que pensam diferente do que ele pensa, e pensar diferente, a democracia respalda, a democracia dá condição, a liberdade dá condição, o Estado Democrático de Direito dá condição. E que o povo baiano, o povo brasileiro possa escolher livremente, de forma soberana aquele que eles acreditam que possa ser o seu representante.

Otto Alencar. Foto: Mateus Pereira/Secom.
Otto Alencar. Foto: Mateus Pereira/Secom.

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