É difícil consegui falar com Roberta Badaró sobre outro assunto que fuja às demandas da Dolce Vila, empresa sediada em Salvador, especializada em doces, cafés, salgados e gastronomia de forma geral. É que atualmente a empresária vive o negócio 24 horas por dia e as demandas só aumentam. Em bate papo com o Anota Bahia ela falou sobre esse boom no segmento, neste momento de pandemia, onde as pessoas se recolheram em suas casas e deixaram de celebrar momentos em grandes grupos. Criada em 2009 a empresa tem fábrica, lojas e agora atende uma demanda grande específica de delivery. “Nessa reabertura do comércio estamos muito apreensivos em relação ao comportamento do consumidor. Ao mesmo tempo que as pessoas querem muito sair,elas aprenderam sobre comodidade e conforto e as empresas aprenderam a realizar uma experiência de consumo em casa. Não é simplesmente abrir uma comida. Existe uma experiência criada para atenuar o estresse existente. As empresas que estão se diferenciando foram as que se destacaram na proporção de uma experiência melhor. É nisso que pautamos a transformação da nossa empresa. Então, acho que as pessoas irão com calma, reaprendendo a consumir e a gente a oferecer. É um momento de aprendizado e cuidado”, conta ela.

Perguntamos sobre como neste período a gastronomia ganhou um traço afetivo, ela discorre: “Esse foi um fenômeno muito surpreendente e positivo. Quase 80% das nossas encomendas são para presentear, é uma fatia muito significativa em termos de números. Para Nossa surpresa era uma atividade que acontecia com dificuldade e agora acontece rapidamente e naturalmente. As pessoas enviam bolos ou doces para amigos e familiares de forma corriqueira agora e isso não vai acabar, pelo contrário,vai intensificar. E receber em casa ou no trabalho é uma grande comodidade, o público absorveu mais esse serviço”. O contato com o cliente também mudou bastante, Roberta conta que houve um engrandecimento do negócio: “Nesse momento nos revelamos muitos, corremos muito atrás também das novidades, dos nossos clientes, mantendo contato direto, diariamente com eles, para entender anseios e desejos e poder oferecer tudo que fosse necessário. A empresa amadureceu muito, preenchendo várias lacunas que ainda não tínhamos focado tanto. Florescemos para um mar gigante de possibilidades”, revelou.

Tudo Virou experiência neste segmento, de acordo com ela: “Enviamos cartões,ensinamos a montar um prato, nossas cartas são escritas a mão. Não é mais apenas um delivery. E isso criou uma interação absurda com nosso público,recebemos fotos, áudios, diariamente sobre a forma como a gastronomia chega naquele momento, para aquela pessoa. Isso não acontecia desse jeito. O nosso cliente sabe que a gente pensa nos detalhes e agora retorna da melhor forma”. Por fim, falamos sobre o consumo em datas comemorativas e a tendência do delivery: “Datas comemorativas se tornaram muito mais movimentadas. Dia dos Avós (comemorado hoje), por exemplo, era algo muito manso e neste ano se tornou um foco, nossa demanda foi muita boa, porque todo mundo quer enviar algo para os avós, por conta do distanciamento social. O mesmo aconteceu em Mães, Namorados, vai acontecer em Pais – já temos até reservas”, diz. “Não fazíamos delivery antes, e se pudéssemos prever,com certeza sempre teríamos feito, inclusive jamais vamos deixar de fazer a partir de agora. Era uma lacuna enorme de mercado que existia. É a resolução do problema do consumidor. É o envio de um carinho, de um abraço, para as pessoas”, finaliza Roberta.