As empresas são, cada vez mais, cobradas por uma atuação ética e uma presença positiva no mundo. Roger Gomes, baiano de 31 anos, é um dos empresários que estão na linha de frente desse cenário. Originalmente formado em advocacia, egresso do Direito Tributário, Roger diz ser grato a capacitação que a área o deu para a vida empresarial. Ele é o responsável, desde 2014, ao lado da irmã Louise Gomes, pela franquia da The Body Shop na Bahia. A marca inglesa, que tem quatro lojas em shoppings, na capital baiana, se diferencia pelo catálogo de cosméticos naturais, com itens 100% vegetarianos e veganos. Com a expectativa de que os shoppings centers reabram em Salvador, esta semana, o Anota Bahia conversou com ele sobre o panorama dos negócios em meio à pandemia mundial, os novos hábitos do consumidor e o tempo de fechamento do comércio na cidade.

“Quanto à duração do período de fechamento, a despeito de amargurar como todo empresário, entendo que a retomada precisava ocorrer de forma responsável e gradual, sempre pautada por critérios técnicos. O comportamento social do brasileiro e a falta de articulação federal com os governos e prefeituras foram fatores determinantes para o prolongamento indesejado desse período tão desafiador!”, analisa. “Acredito que a retomada das vendas ocorrerá de forma gradual e a medida que os consumidores – não impactados em sua capacidade de consumo – percebam a eficácia dos protocolos de segurança estabelecidos. Mas estou confiante de que essa retomada será progressiva e mais célere do que talvez imaginávamos. Além disso, os nossos clientes estão se adaptando muito bem à compra pelos drives e principalmente ao delivery, um novo canal de vendas que continuaremos disponibilizando após a reabertura”.

Perguntamos sobre o hábito de consumo dos clientes, e ele pontua: “A preocupação com o bem estar e o auto cuidado nunca estiveram tão em alta, e os cuidados de beleza (quando democrática) fazem parte dessa tendência. As famosas rotinas de skincare são exemplos disso. Em paralelo, a pandemia foi, de certo modo, muito educativa para a sociedade se atentar ao que financia com o seu consumo. Nesse ponto, as empresas do segmento que efetivamente se preocupam com a sustentabilidade social e ambiental e fazem disso um propósito verdadeiro, como a The Body Shop, que tem uma história muito sólida, estão mais propensas a serem priorizadas nesse momento”.

Sobre as lições que a pandemia deixa, ele diz que: “O momento veio para reforçar visões já arraigadas em mim do ponto de vista pessoal: a de que não controlamos nada em absoluto nas nossas vidas e de que nada importa mais do que as pessoas. Mas, em se tratando dos negócios, é muito mais difícil aceitar que o controle não está na mão do dono. Esse foi um exercício desafiador para me manter resiliente e lidar com a impotência diante de uma situação que está, em tantos aspectos, totalmente fora da minha ingerência”. Sobre o apoio que os empresários receberam da franquia e das administrações dos shoppings, ele revela: “A franqueadora apoiou seus franqueados com a renegociação e reparcelamento de débitos e com treinamentos e ferramentas para adaptação ao novo contexto. Os shoppings suspenderam a cobrança de aluguéis no período de fechamento, mantendo a cobrança do condomínio por rateio de despesas. Mas a efetividade dessas medidas para garantir a manutenção de todos os negócios só se revelará com o tempo e talvez ainda haja muito mais a ser feito, já que o prejuízo substancial encarado por todos nesse período foi inevitável”, diz confiante.