Fomos conversar com um casal de advogados sobre as mudanças que cercam o cenário da justiça na Bahia e no Brasil. Rosa Peracy Sales e Fernando Vaz são sócios, pais de dois filhos, amigos dos amigos, e de cara, defendem que se tornaram muito mais felizes desde de começaram a trabalhar juntos.  Rosa é especialista em Ciências Criminais e Fernando Direito Eleitoral e Tributário.

“Enxergamos que íamos somar nossos esforços e otimizar nossas vidas pessoais, com nossos filhos e com todas as tarefas, compreendendo melhor nossos horários e divisão de tarefas”, diz Rosa.  “Além disso, temos uma agenda de viagens intensa, cada um tem sua sala, sua equipe, o que faz com que a relação não seja saturada”, pontua Fernando. A pandemia, claro, mudou a rotina de ambos, mas o trabalho não parou. “A área eleitoral não foi paralisada, só mudou a forma de como se dialogar. Tudo acontece de forma remota mas as negociações e os prazos se mantiveram”, completou ele.

Além disso, Vaz relata que houve uma intensificação de pareceres jurídicos e decretos municipais, relacionados a calamidade e redução de impostos, por exemplo. Ele também defende que não haja mudanças nos prazos eleitorais: “Acho possível o adiamento das eleições, mas defendo que a união dos mandatos é inconstitucional. Se for possível fazer no dia, tem que ser feita, há um princípio constitucional. E registro que as normas eleitorais não podem ser alteradas a menos de um ano antes das eleições”. Rosa, que sempre se identificou como criminalista, e conta que ainda sofre por ser uma mulher nesta área: “As mulheres sentem dificuldades porque as pessoas atrelam a função a algo masculino. Precisamos ser fortes e seguras e conheço muitas admiráveis”.

Na sua área, Sales conta que está existindo um atraso, de forma geral, nos julgamentos dos processos, e que o contato com desembargadores e juízes tem sido mais complicado. “Existiu uma situação na pandemia que foi a soltura de presos que integravam os grupos de riscos. As pessoas acham que grandes criminosos estão na rua. Não é assim, existe um filtro, uma análise de histórico que comprova que aquela pessoa não representa um perigo para a sociedade”, esclareceu. Sobre os julgamentos virtuais, eles reiteram que nada substitui o trato pessoal, as conversas com os relatores, as entregas de memoriais. Dizem que sessões virtuais devem ser uma opção, mas não uma regra. Acreditam também que no segmento, o home office vai virar uma tendência, tendoe m vista que a produção é a mesma e pode ser até ser superior, com economia de custos e tempo.