No ar com a reprise da novela “Fina Estampa”, na TV Globo, a atriz Suzana Pires aproveita o isolamento para repensar o papel da mulher na sociedade e no mundo dos negócios. À frente do Instituto Dona de Si, criado em 2018 para estimular, por meio de projetos, o aumento do número de mulheres em cargos nos quais ainda são minoria, ela defende a revisão da presença feminina no mercado de trabalho. Suzana, que no próximo dia 25 dará o curso on line “Dona de si: como se tornar uma empreendedora de si mesmo?” na Casa do Saber Rio, defende que aprender a dizer “não” é fundamental para se chegar ao sucesso. “Mulheres de sucesso se aceitam e geram protagonismo em sim mesmas, exercem sua liderança sem medo de serem taxadas ou de não estarem agradando”, diz.

Pontuamos sobre como o mundo dos negócios e as relações comerciais ainda são majoritariamente masculinos: “Empreender ainda é mais difícil para as mulheres. A gente começa bem, representamos a maior abertura de CNPJs no Brasil. Mas também respondemos para o maior número de empresas fechadas após três anos da abertura. O que a gente tem é uma quebra de fluxo de negócios femininos por alguns motivos que não têm relação com nossa capacidade. Somos as mais bem formadas, sempre que estamos em posição de liderança, aumentamos o lucro em 20 por cento. Mas enfrentamos um problema muito sério que é a sobrecarga feminina, a opressão do mercado e a misoginia que permeia as relações”, pontua. Discorremos sobre quando a sensibilidade é confundida com fragilidade: “O que faz uma mulher forte é ela conhecer seus pontos fortes e fracos, seu estado de vulnerabilidade, lidando com isso de maneira que permita ser dona da sua trajetória e consciente das consequências das suas escolhas. Nossa sensibilidade precisa ser valorizada”, enfatiza.

Perguntamos sobre o que faz dela uma empreendedora bem sucedida: “O que me faz ser uma empreendedora bem-sucedida é o próprio fato de estar onde estou, de ter construído minha vida sendo empreendedora de mim mesma. Eu sempre me vi como meu próprio negócio. Tenho um case de empreendedorismo artístico que se chama “De perto ela não é normal”, uma peça que comecei com R$ 3 mil reais e hoje é um filme de R$ 7 milhões. Isso teve uma trajetória de 15 anos, sendo a única atriz com cargo de autora titular na TV Globo. Se eu ficasse esperando que me balizassem ou que me dessem ok, eu não iria a lugar nenhum. Sempre me pensei muito nos lugares em que eu estava e, em todas as vezes que cheguei lá, eu olhava para os lados, não havia uma mulher comigo. Não tinha mulher branca e muito menos mulher negra. Então, decidi parar e trabalhar pelo protagonismo, não só meu, mas coletivo”, finaliza.