Aos 18 anos, ele saiu de Salvador rumo a São Paulo para estudar Cinema na FAAP, instituição que é referência no país. Para expandir seus horizontes e conhecimentos, seguiu para Nova York e se aprofundou no segmento, cursando Film and Screen Studies, aprendendo sobre crítica cinematográfica. Ao retornar para o Brasil, desembarcou no Rio de Janeiro com a ideia de cursar Teatro, até que uma irmã, que morava nos EUA, o alertou sobre uma tendência que ganhava força por lá: as newsletters. Com isso, Vitor Evangelista se formou em jornalismo pela PUC-RJ e criou o Espresso, que chega ao e-mail de milhares de inscritos, todas as manhãs, mostrando um panorama de tudo que acontece no Brasil e no mundo de forma sintetizada e muitas vezes bem humorada, com links de grandes veículos nacionais e internacionais, oriundos de sua curadoria. Nesta entrevista ele discorre sobre sua ideia e também sobre o papel do jornalismo no atual momento que o mundo vive.

“Depois que minha irmã me acenou sobre esse formato de informação, entre 2014 e 2015, dizendo que era minha cara, não só pela escrita, mas pela informação e pela linguagem coloquial, com humor mais ácido, comecei a desvendar esse mundo. No Brasil ainda não havia esse formato e aí me profissionalizei para fazer nascer esse projeto”, conta ele. “O Espresso é uma startup, dá para produzir diversas coisas. O principal é o newsletter, mas disso nasce um podcast, um canal de vídeo, enfim, coisas que agregam e expandem em termos de informação”, completa. Perguntamos sobre a ideia desse nome e ele revela:  “Queria algo divertido e diferente, jovem, leve e pensei: o café a gente toma todo dia, de forma rápida, é a primeira coisa que fazemos. Nasceu o Espresso, que é uma dose diária de informação”. Sobre como se dá essa curadoria de notícias, Evangelista explica: “Já acordo no meio das notícias, lendo todos os grandes jornais, recebo as news de todos os jornais do mundo. Por volta das 12h/13h já tenho uma ideia do que será notícia no dia seguinte, tanto nacional quanto internacional. Na estrutura da newsletter iniciamos de forma leve, com uma frase irreverente, daí passeio pela economia e política e finalizamos de forma leve também com assuntos divertidos.

Mas a edição é fechada lá por volta das 22h, e finalizada por volta das 0h, para chegar ao e-mail dos nossos inscritos ás 06h”. Vitor também explana suas ideias sobre a importância do jornalismo em tempos de fake news: “É necessário que o profissional de jornalismo seja uma pessoa estudada, com formação, que compreenda o que é ética. Com o Espresso a gente brinca com o título, dá uma quebrada, mas não se refuta a verdade e a credibilidade. Porque o jornalismo profissional é de credibilidade. Não existe mentira. A revolução digital nos trouxe muitos prós e muitos contras, e a checagem de dados e fatos é essencial hoje em dia. Há sites especializados nisso hoje em dia, em dizer o que é e o que não é fake news”, reflete. Por fim, discorremos sobre o poder da opinião no jornalismo e ele diz: “As pessoas querem um pouco de opinião. Imparciais todos somos como veículos e jornalistas, mas no final do dia, nem tudo tem dois lados, mas não podemos dar o mesmo peso aos dois lados. Temas como ciência, holocausto, nazismo, não podem ser relativizados. O jornalismo tem que narrar fatos e histórias, todo jornal tem sua linha editorial, mas nesse mundo de internet, as pessoas querem opinião. O fato existe, mas é preciso interpretá-lo, dar contexto”, finaliza.