Até o dia 31 de agosto, o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), localizado no Centro Histórico de Salvador, estará sediando a exposição “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”. O projeto traz cerca de 150 obras de 69 artistas, enquanto articula passado, presente e futuro em cinco eixos curatoriais: Tornar-se, Linguagens, Cosmovisão, Orum e Cotidianos. O percurso da mostra também presta homenagem a mestres baianos como Rubem Valentim e Mestre Didi, cujas obras reafirmam o vínculo entre arte, espiritualidade e ancestralidade. A curadoria é assinada por Deri Andrade, idealizador do Projeto Afro.
Dentre os 12 artistas baianos presentes na mostra, Lita Cerqueira é considerada a primeira fotógrafa negra profissional do país. Iniciou sua carreira nos anos 1960 e construiu um acervo marcante sobre a cultura e o cotidiano negro em Salvador. “Toda vez que visito essa exposição ou abro o catálogo, penso que sou apenas uma gota d’água diante da grandiosidade do que está ali. Nela, está representada a história do Brasil, com artistas incríveis.” afirma.
Já Adriano Machado, 38, integra o eixo Linguagens com trabalhos que exploram o corpo negro, o cotidiano e os limites da imagem fotográfica. “Crio imagens com o que está ao redor: o vapor da panela, a luz da manhã, os gestos de quem me cerca. Me interessa como essas cenas revelam formas de liberdade e reinvenção”, explica o artista que é doutorando em Artes Visuais pela UFBA.
A presença baiana se estende pelos cinco eixos da mostra. No Tornar-se, Tiago Sant’Ana investiga identidade e ancestralidade a partir do autorretrato e da performance. Em Cosmovisão, Guilherme Almeida apresenta pinturas vibrantes que abordam afetos e política no corpo negro urbano. No Orum, Álex Igbó propõe uma travessia espiritual entre Brasil e África, combinando religiosidade afro-baiana e símbolos urbanos.
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