
Neste sábado (17), a Galeria lNonada vai receber a abertura da exposição ‘No corpo do olho, pelas mãos do mundo’, que reúne artistas de diferentes gerações, prioritariamente baianos ou que produziram sob a atmosfera do estado. Com curadoria do artista e pesquisador Heitor Gabriel, a mostra inclui nomes históricos como Mário Cravo, Iêda Maria e Jayme Fygura, além de vozes emergentes como Milena de Oliveira, Doracy Jurea e o próprio curador. As obras escolhidas se organizam a partir de uma materialidade vibrante que intersecciona gestos, memórias e territórios. São trabalhos que exigem o corpo inteiro para existir e que instauram presenças por meio de linguagens milenares e contemporâneas.
A máscara criada por Jayme Fygura, feita com objetos reaproveitados como metal, tecido e arames, evoca um corpo em estado de resistência e ritual. A peça é ao mesmo tempo armadura e rosto, e sintetiza a estética do confronto poético com os materiais. A obra de Milena de Oliveira utiliza o bordado como ferramenta de desenho e expansão do tempo, e uma instalação em forma de par de sapatos brancos cristalizados, que remete à pureza, mas também à petrificação da memória e do afeto – uma das várias peças que instigam os sentidos de quem atravessa a mostra.
Na obra de Doracy Jurea, estruturas tensionadas com couro e madeira, amarradas como pele esticada em suporte ancestral, trazem à tona o cruzamento entre o artesanal, o escultórico e o espiritual. São peças que falam de contenção, costura e força coletiva, ressoando saberes de povos originários e heranças afro-atlânticas. As fotografias de Lázaro Roberto se posicionam como testemunhas das micro-historicidades que compõem os corpos negros da Bahia. Com olhar atento às frestas da cidade, suas imagens captam gestos cotidianos, festas populares e afetos públicos que tecem o tecido social de Salvador.

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