Ricardo Ishmael. Foto: Anderson Glover

Entre os dias 17 e 20 de outubro, a cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, vai receber a 12ª edição do FLICA, um dos maiores eventos literários do país. Neste ano, a feira vai contar com o Espaço Fliquinha, um ambiente lúdico onde serão discutidos temas reais e importantes relacionados à infância. Com o tema “O Mundo da Literatura em Festa”, a programação vai trazer contações de histórias com autores convidados e um espetáculo teatral.

Dentre os nomes convidados, está o do escritor e jornalista baiano Ricardo Ishmael com o seu livro “Por que as nuvens choram?”, que aborda uma família formada por uma mãe dona de casa e uma filha de 10 anos que sofrem violência doméstica praticada pelo homem, que é ausente em seu papel de pai e marido. A obra é um retrato da estrutura frágil que muitas famílias vivem e a sobrecarga que pesa sobre as mulheres, vista sob o olhar de uma criança. A contação da história ficará sob responsabilidade da jornalista Lorena Ifé.

“Nas últimas edições, tenho sempre buscado trazer pessoas que agreguem à minha participação e convidei este ano Lorena Ifé. A ideia é ter uma mulher negra à frente desta contação, pois acho importante que a gente utilize nossos espaços de visibilidade para trazer outras pessoas para o protagonismo. Precisamos falar sobre violência familiar e ouvir as crianças que passam por isso. Eu quero que crianças e adolescentes leiam e possam compreender que há uma saída através do diálogo e que podem pedir ajuda”, conta Ishmael.

Também estará presente no Fliquinha o artista plástico paulista, Renato Moriconi, que dedica-se a criar livros ilustrados, somando obras publicadas dentro e fora do Brasil. Para esta edição, ele vai mediar a leitura do seu livro “Dia de Lua”, dedicado ao público infantil. “Quando eu crio um livro, eu mergulho na minha própria infância, essa fase bastante marcante que permanece em nós pelo resto da vida. Eu imagino a literatura como um início de conversa sobre o tema que o livro traz, sobre as ideias e as provocações que o livro gera nos leitores”, conta Moriconi.

Com texto de Antônio Marques, o espetáculo “Dandara na Terra dos Palmares” chega na programação do dia 18 de outubro, destacando a importância da promoção da igualdade racial na educação infantil. Segundo o escritor, a peça foi concebida para proporcionar uma representação positiva para crianças em processo de formação de suas identidades, perante um contexto em que o racismo ainda é uma realidade dolorosa.

“A peça tem foco especial nas crianças, uma vez que elas não nascem com preconceitos; tais ideias são adquiridas ao longo da vida. Assim, a peça é instrumento de educação e reflexão sobre a identidade, a ancestralidade e a importância da representatividade. Ao narrar a história de uma jovem que, ao enfrentar discriminação, aprende sobre a força histórica e cultural de seu nome, o espetáculo traz uma mensagem de afirmação e empoderamento, abordando a necessidade de desmantelar preconceitos desde a infância”, explica Antônio Marques.

Ao todo, 58 autores participam da 12ª FLICA, entre nomes baianos, nacionais e internacionais numa programação intensa de quatro dias de debates, apresentações e intervenções artísticas, encontros literários, lançamentos de livros, sessões de espetáculos, contação de histórias, exibição de conteúdos audiovisuais e apresentações de filarmônicas. O acesso da festa é gratuita, aberta ao público e está distribuída em cinco espaços principais.

Renato Moriconi. Foto: Divulgação
Espetáculo “Dandara na Terra dos Palmares”. Foto: Divulgação

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