
A cidade de Mucugê, na Chapada Diamantina, vai receber autores, leitores, artistas e público em geral para a 8ª edição da Festa Literária de Mucugê (Fligê). Com o tema ‘Rios e Matas da Narrativa’, o evento propõe uma reflexão sobre a natureza como personagem literária e sua relação com a crise climática, com a cultura e com as formas de imaginar futuros possíveis. Durante cinco dias, a região se transforma em um território narrativo vivo, onde livros, canções, filmes, rodas de conversa, espetáculos e oficinas criam um fluxo contínuo de experiências, memória e invenção.
As mesas literárias seguem sendo o coração da festa. No dia 15 de agosto, a mesa de abertura traz um encontro entre Joselia Aguiar, biógrafa premiada de Jorge Amado, e Gildeci Leite, criador do conceito de “literatura de axé”, para discutir o lugar dos rios e das matas na obra do escritor baiano. Em seguida, a mesa “Rios de memórias, matas de sentido” amplia o debate para o campo do patrimônio cultural como palavra viva, com pesquisadores e artistas refletindo sobre Mucugê como lugar de reinvenção constante.
No sábado, 16 de agosto, a autora Micheliny Verunschk, que foi laureada com o Prêmio Jabuti pelo livro “O Som do Rugido da Onça”, participa da mesa “Ranger para conter”, sobre narrativas originárias e insurgentes. Mais tarde, Eliane Marques, Nilton Milanez e Mariana Paim exploram as linhagens da escrita e as memórias naturais em suas produções literárias. No domingo (17), a mesa “Eu, leitora” reúne pesquisadoras e escritoras para homenagear vozes literárias que ecoam a natureza em suas obras: Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Itamar Vieira Junior, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Nego Bispo, Carolina Maria de Jesus e Raquel de Queiroz.
A programação ainda contará com shows no palco principal da feira, como o da cantora Vanessa da Mata, Tati Ramalho e da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA). A festa também terá um espaço dedicado às crianças. A ‘Tenda das Infâncias’ traz uma programação especial voltada para crianças, com espetáculos, contações de histórias, quadrilhas, conversas literárias e teatro de fantoches.
“A literatura cria e interpreta as dimensões de humanidade, atualiza e explora as existências do e no planeta Terra, como um corpo cultural e social, não limitando-o aos elementos físicos e naturais. É uma personagem literária! A produção literária absorve imagens vegetais, animais, minerais, naturais e outras formas de existir para expressar sentimentos diversos do humano: cenários áridos ou úmidos compõem personagens e paisagens literárias”, destaca a professora, escritora e curadora da Fligê, Ester Figueiredo.

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