Isabela Suarez, presidente da FBV. Foto: Moisés Dantas.

“A história da Fundação Baia Viva começou muito antes de sua constituição formal, para contá-la, preciso voltar ao início da década de 80 quando meu pai costumava levar a família para passar os fins de semana em um barco nas adjacências da ilha de Bom Jesus dos Passos, onde pouco tempo depois ele adquiriu uma propriedade. A partir daí é com o passar dos anos, a atmosfera de acolhimento e belezas naturais trouxeram consigo a preocupação com a preservação e cuidado próprios de qualquer relação de afeto, dada a condição de subdesenvolvimento que a região apresentava.

Entre os séculos XVI e XIX a Baía de Todos-os-Santos reúne uma exuberância de encantos naturais que poderiam facilmente qualificá-la como um dos mais requintados pontos turísticos do país. Sua história, contada por muitos mas infelizmente conhecida por poucos, se mistura aos grandes acontecimentos que marcaram os primeiros anos da colonização do Brasil.

Com aproximadamente a área do município do Rio de Janeiro, com 1.233 km² de extensão, 56 ilhas e 300 km² de contorno litorâneo a maior baía marítima do país denominada pelos tupinambás de Kirimurê, não herdou apenas a combinação sólida e particular de história e cultura, as décadas de abandono e falta de planejamento na sua ocupação empurram-na para uma posição dentro do cenário turístico que não corresponde a pujança de outrora. Aquela que um dia abrigou um dos maiores portos exportadores do Hemisfério Sul atualmente sofre com inúmeros problemas produzidos pelo desordenamento de sua ocupação impedindo o seu crescimento turístico vocacional e auto sustentável.

Diante de tamanha indignação e com espírito público de sobra, que em 1999, sob a inspiração de alguns empresários baianos que também desfrutavam das águas mornas, transparentes e de cor verde-esmeralda desse mar interior que nasceu a Fundação Baía Viva, regida pelo macro objetivo de contribuir com ações concretas e recursos próprios para a revitalização das relações sócio ambientais de um dos cartões postais mais representativos da história da Bahia e do Brasil. De acordo com seu Estatuto se constitui numa entidade de direito privado, sem fins lucrativos e com autonomia administrativa e financeira, sendo composta por um Conselho Curador, um Conselho Fiscal e uma Diretoria Executiva.

Tendo como grandes desafios o combate às desigualdades sociais e o reposicionamento da  Baía de Todos-os-Santos como principal destino turístico do Estado, iniciamos em 2001 uma plano de requalificação urbano ambiental que fosse capaz de revitalizar o potencial de suas ilhas e seu entorno, obedecendo as diretrizes que dão suporte a filosofia da instituição: preservação ambiental e desenvolvimento econômico podem ser grandes aliados.

Desde então as principais ações desenvolvidas pela entidade ao longo dos últimos 20 anos ocorrem sobretudo nas ilhas pertencentes ao Município de Salvador com destaque para Ilha dos Frades, pioneira na certificação de praias do programa Bandeira Azul Norte/Nordeste e Bom Jesus dos Passos que através da infraestrutura viabilizada com recursos priados se tornou um dos locais mais valorizados e procurados pelo segmento náutico que navega por essas águas”.

* A advogada Isabela Suarez é a presidente da Fundação Baía Viva.