No dia 09 de dezembro, o Mercado Modelo, um dos principais cartões-postais de Salvador, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), vai comemorar 112 anos de história. No subsolo do edifício, a Galeria Mercado passou a ser um espaço de valorização cultural e artística da cidade, aproximando o erudito e o popular, sob curadoria de Thais Darzé. O local se torna um ponto de união entre a arte contemporânea e a rica tradição do Mercado, enquanto preserva a memória do prédio.
“Eu conheci a galeria há mais de 20 anos e ela era totalmente diferente. Agora, a Galeria tem um trabalho cultural de verdade. Quando cheguei aqui em Salvador, a visão que se tinha era a de que muitos escravizados haviam morrido ali. Hoje, com a reabertura do subsolo e uma nova visão cultural, mudou da água para o vinho. Está maravilhoso. Você percebe nitidamente a diferença, tanto que a procura aumentou, as filas são grandes”, conta Maria da Conceição Aparecida Pinto, comerciante e esposa de Ápio Camafeu.
Até novembro deste ano, a Galeria registrou quase 140 mil visitantes, trazendo reflexos positivos para os 263 lojistas, de acordo com o presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Modelo (Ascomm), Jorge Felipe Santana. “Todos nós sabemos que 80% dos turistas que visitam Salvador passam pelo Mercado Modelo, mas era um sonho dos comerciantes que o soteropolitano tivesse uma frequência significativa no Mercado”, explica.
A proposta curatorial do espaço contempla obras de artistas renomados, como as esculturas “Exú” e “Cabeça”, parte da série Cabeças de Tempo, criada na década de 1980 por Mario Cravo Jr. As peças fazem alusão à estatuária africana e têm como matéria-prima a madeira proveniente do grande incêndio que devastou o Mercado Modelo em 1984. Outros destaques na galeria incluem obras da Série Templo de Oxalá, de Rubem Valentim, e Lágrimas, de Vinícius S.A., além de um levantamento histórico sobre o Mercado Modelo, seus antigos edifícios e o resgate das principais personalidades que marcaram a história do local, incluindo a história do subsolo do mercado.
“A gente bate muito nessa tecla, que o Mercado Modelo não é só para o turista, é principalmente para o soteropolitano, porque aqui está a história viva da Bahia e de Salvador. Temos visto famílias que trazem as crianças e sim, houve uma melhora na circulação de pessoas com a abertura da Galeria. É daqui para mais”, conta Maria da Conceição, ressaltando o papel do espaço para os soteropolitanos.
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