‘A Verdadeira Imagem de Yemanjá’. Foto: Gui Christ/2025 Sony World Photography Awards

O fotógrafo brasileiro Gui Christ foi eleito o melhor fotógrafo do ano na categoria ‘Retratos’ do Sony World Photography Awards 2025, o mais prestigiado prêmio de fotografia do mundo. O anúncio foi feito na última semana, durante cerimônia em Londres. Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, o fotógrafo foi premiado com seu ensaio “M’kumba”, que retrata as religiões afro e as comunidades afro-brasileiras, se unido a luta contra o racismo religioso. Em entrevista ao Anota Bahia, Christ revelou alguns dos retratos em “M’kumba” foram registradas em Salvador, na região da Ponta do Humaitá. Segundo ele, a motivação para usar o cenário soteropolitano veio da tradição e história local, não só religiosa, mas também de resistência e combate ao racismo e intolerância.

As fotos ‘Quando Exu atravessou o Atlântico para apoiar seu povo’, ‘A Verdadeira Imagem de Yemanjá’ e ‘Um peixe para uma saúde mental melhor’ trazem as águas da Baía de Todos-os-Santos para o projeto. A conexão de Gui Christ com a cidade também se relaciona com o fotógrafo Pierre Verger, sua grande referência profissional e pessoal e que residiu na capital baiana. “[Verger] fotografou respeitosamente as casas de axé e lutou em pró delas também. O legado é guardado por Vovó Ceci, uma Egbome do Opó Aganju, localizado em Lauro de Freitas, que respeito demais e tenho nela uma referência também”, conta.

Durante a conversa, o fotógrafo reforçou que o objetivo do trabalho é, antes de tudo, enaltecer a cultura e religiosidade afro-brasileira, enquanto contribui para o combate a intolerância religiosa. O artista é membro da comunidade de candomblé Nagô Egbá e também é praticante de Umbanda.

“Como religioso, o premio antes de tudo é um reconhecimento de todos os nossos ancestrais que lutaram para manter vivas suas tradições para que chegassem até os dias de hoje. Antes de ser uma vitória minha, é uma vitória deles e de todo o povo de terreiro e afro-brasileiro Eu sou apenas um artista que tenho a honra de poder vivenciar estas religiosidades e de usar meu talento em pró do combate ao preconceito religioso”, disse Christ, que dedica a conquista a Èṣù, Ògún, Òṣóòsì, Ọbalúayé, a todos os Orixás, Inquices, Voduns, Encantados e Entidades Ancestrais cultuadas nos terreiros.

Por fim, Christ enalteceu a religiosidade baiana e a importância da juventude em lutar pelo legado de seus ancestrais: “[Salvador é] Cidade de tantas mães e pais de santo que foram fundamentais na perpetuação de nossas tradições, e onde a atual geração tem uma luta primordial para a divulgação e combate a intolerância. Eu sou de Ogun, e tenho na história de Mãe Gilda de Ogun, uma inspiração para combater a intolerância religiosa” finalizou o fotógrafo.

‘Quando Exu atravessou o Atlântico para apoiar seu povo’. Foto: Gui Christ/2025 Sony World Photography Awards
‘Um peixe para uma saúde mental melhor’. Foto: Gui Christ/2025 Sony World Photography Awards

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