Previsto para ser lançado no primeiro semestre de 2026, a história da educadora, líder indígena e Mulher Medicina, Nádia Akawã Tupinambá será contada no filme-ritual “Ama mba’é Taba Ama”, que dirige junto à cineasta Gal Solaris. O documentário abordará a jornada de Nádia e mais cinco indígenas da Aldeia Tukum Tupinambá — Dona Lourdes, Carcará, Cipó, Pytuna e Cacique Ramon Ytajibá Tupinambá — explorando as perspectivas e os desafios que enfrentam perante a sociedade. O título, que significa “Levanta essa aldeia, Levanta” em tupi, também nomeia um canto ritual, representando as lutas dos povos originários contra a invasão das próprias terras. A produção também abordará a demarcação do território indígena de 47 mil hectares, composto por 23 aldeias, e a realização da 24ª Peregrinação Tupinambá, em Ilhéus.
Desde pequena, Nádia via a avó, D. Maria Cozina, e a mãe, D. Maria Vitória, prepararem remédios naturais com ervas da floresta. Ambas, Mulheres Medicina, realizavam rituais de autocuidado com as mulheres da aldeia, enquanto o pai, Sr. Noel, atuava como curandeiro. Na vida adulta, Nádia decidiu seguir o legado familiar, praticando os ensinamentos herdados de seus ancestrais. Com isso, iniciou rituais com a planta comigo-ninguém-pode e, hoje, amplia seu trabalho utilizando folhas como artemísia, babosa e entrecasca do caju.
Atualmente, também contribui para a formação de professores que trabalham em escolas indígenas de várias aldeias da Bahia, como as Tupinambá e Pataxó Hã-Hã-Hãe. A dedicação à educação na comunidade a consolidou no papel de líder indígena. “Inspirada pela minha filha, me tornei educadora. A educação exige alguém que cuide e trabalhe como se estivesse cuidando de um filho. Educação é cuidado, empatia e, acima de tudo, confiança. Por causa dela, decidi fazer o magistério”, conta Nádia.
“Os Tupinambás tem importância histórica para o país por terem sido os primeiros povos a terem contato com os colonizadores de 1500. Serão apresentados rituais que ainda seguem sendo feitos nas Aldeias de Olivença e que reúnem indígenas locais e de outros povos. Para os dias atuais, é um filme com a oportunidade de mostrar as dificuldades dos indígenas diante do processo de urbanização das cidades e a redução dos territórios considerados ‘sagrados'”, conta a cineasta Gal Solaris.
O projeto do filme-ritual “Ama mba’é Taba Ama” saiu como o maior vencedor do 8º Encontro de Coprodução do Mercado (ECM+LAB), levando os prêmios: Seleção de projeto brasileiro para receber Consultorias Paradiso Multiplica 2024; Seleção para participar do Mercado Audiovisual Centro Oeste (SAPI); Prêmio Transforma e Urca Filmes; e Consultoria de campanha ao Oscar ou internacionalização com Juliana Sakae.
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