Isabela Suarez, presidente da Fundação Baía Viva e coordenadora do Núcleo de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Inovação da ACB, dissertou, em um artigo apresentado na mais recente edição da revista Let´s Go Bahia, a importância de adotar medidas em prol da conservação ambiental e histórica da Baía de Todos-os-Santos. Confira:
“Larga, bela e profunda, com uma extensão territorial de 1.233 km², os colonizadores acharam-na com o perfil geográfico que buscavam: um ancoradouro natural, com características defensivas e estratégicas favoráveis à proteção das novas terras conquistadas, haja vista todo o conjunto de fortificações ao longo da sua zona costeira.
A maior baía marítima do país não herdou apenas os valores intangíveis resultantes da sólida combinação de história e cultura. A natureza a contemplou com curvas, pontas, enseadas e morros que dão um toque especial à sua imensidão oceânica, formando um ecossistema de imensurável valor ambiental, circundado por águas mornas, transparentes e de cor verde-esmeralda.
Diante desse contexto histórico e somado às condições favoráveis de navegabilidade, a Baía de Todos-os-Santos cresceu e se transformou no berço da civilização ocidental, lusa e cristã nas Américas, tornando-se, no século XVI, o maior porto exportador do Hemisfério Sul. Era daqui que partiam os produtos primários rumo às grandes metrópoles europeias, do açúcar à prata boliviana.
No século XX, consolidou-se como lugar pioneiro da exploração do petróleo no Brasil e sede da primeira refinaria da Petrobras, tendo toda a socioeconomia secular do seu entorno sido profundamente transformada por esses importantes fatores.
Não obstante toda essa pujança de outrora, atualmente, sua beleza natural convive com vários aspectos que degradam a relação do homem com o meio ambiente, principalmente, os que envolvem a falta de engajamento socioecológico. Esse panorama é resultado da ausência de um zoneamento que permitisse às autoridades enxergar um crescimento vocacional e autossustentável.
A falta de planejamento, perversamente associada ao incremento crescente da pobreza, configura-se determinante para o impacto negativo sobre o meio ambiente. Isto porque, em uma sociedade onde o subdesenvolvimento é proeminente e protagonista do quadro social, a degradação ecológica é negativamente destacada. Um quadro tão negativo obriga a elaboração de políticas públicas enérgicas que contemplem a geração de emprego e renda e que sejam capazes de atuar cirurgicamente para fomentar um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. O objetivo deve ser mitigar os efeitos devastadores sobre o ecossistema da Baía de Todos-os-Santos. Para isso, existe apenas um único caminho: planejar e desenvolver para preservar!”.