Jaqueline Goes no IOAA 2024. Foto: Murilo Rossoni

Na próxima segunda-feira (31), a Dra. Jaqueline Goes vai lançar oficialmente, em evento no Antique Bistrô, em Salvador o Instituto Jaqueline Goes – Ciência Entre Nós. A iniciativa visa visa ampliar o acesso de mulheres de grupos raciais minorizados a espaços acadêmicos e científicos, fortalecendo suas carreiras e promovendo mudanças estruturais no setor. O Instituto nasce para transformar a realidade dentro das universidades, garantindo permanência, qualificação e novas oportunidades para mulheres de grupos raciais minorizados.

Nas instituições públicas, apenas 3,4% dos professores se declaram pretos e 18,2% pardos, enquanto nas privadas, esses números são de 2,4% e 18%, respectivamente. Ainda que as mulheres sejam maioria no início da trajetória científica, tornam-se minoria nos cargos de decisão. O Instituto também busca criar um sistema de suporte e incentivo que assegure que essas profissionais permaneçam e cresçam na carreira científica. Além disso, o conceito de “dororidade” – a solidariedade entre mulheres negras, ligadas pela dor comum que é causada pelo racismo – é um dos pilares do Instituto.

“Minha maior motivação são as disparidades e minha própria vivência. Quando a gente olha os dados, percebe que pouco mudou ao longo dos anos. Somente 38% dos pesquisadores no mundo são mulheres, e a gente nem está falando da metade. Mas, mais do que isso, quando olhamos para os postos de gestão, vemos que são ocupados majoritariamente por homens”, conta Jaqueline. “Quando pensamos na ascensão da mulher negra, o aporte financeiro que ela recebe, normalmente não recebe sozinha. Na maioria das vezes, vai para a família. Nunca é só para aquela mulher, é para a mãe, para o irmão. E nisso vamos percebendo que existe um degrau que precisa ser superado”, explica a biomédica.

Inicialmente, o Instituto trabalhará com um público-alvo bem definido. No ensino médio, atenderá jovens de grupos raciais minorizados de escolas públicas que estejam em situação de vulnerabilidade social, oferecendo formação científica, programa de tutoria para desenvolvimento de habilidades socioemocionais, ensino de inglês e intercâmbios. No ensino superior, o foco está na imersão científica, direcionando as participantes para programas de pós-graduação, bolsas de permanência e apoio à publicação de pesquisas.

Juntamente com a Dra. Jaqueline, o grupo conta com o apoio de Dra. Valéria Borges, pesquisadora da Fiocruz, Dra. Deboraci Prates, professora da UFBA, e Edna Goes, pedagoga. Juntas, essas mulheres formam a comissão fundadora e traçam caminhos para garantir que o Instituto atinja seu objetivo de transformar a presença de mulheres de grupos raciais minorizados na Ciência. “Com foco na equidade de gênero e raça, o Instituto contribui para ampliar oportunidades e protagonismo. Além de orientação de carreira, incentiva habilidades científicas que podem garantir a permanência na área. Afinal, por que não formar novas potências como Jaqueline Goes?”, conta Dra. Valéria.

Jaqueline Goes. Foto: Divulgação.
Jaqueline Goes. Foto: Divulgação.

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