João Carlos Salles. Foto: Divulgação

No dia 30 de julho, o filósofo e professor João Carlos Salles vai lançar seu 17º livro com evento no Museu de Arte da Bahia (MAB), em Salvador, das 17h às 20h. Para a obra “Gatos, peixes e elefantes – a gramática dos acordos profundos”, o professor da UFBA se inspirou em um trecho de uma carta de Ludwig Wittgenstein ao economista italiano Piero Sraffa.

“Quanto mais velho fico, tanto mais eu percebo como é terrivelmente difícil para as pessoas se entenderem, e penso que alguém se engana acerca disso pelo fato de todos se parecerem tanto. Se algumas pessoas se parecessem com elefantes e outras com gatos ou peixes, alguém não esperaria que eles se entendessem, e as coisas pareceriam muito mais o que realmente são”, diz a carta.

Com isso, Salles observa que o relacionamento entre o filósofo e o economista se degradou com o tempo e, na sua nova publicação editada pela Aretê, o autor transforma a situação em um poderoso estímulo à análise do tema dos desacordos e acordos profundos que permeiam as interações humanas. Segundo ele, para identificar os desacordos profundos, é preciso antes saber que relações estão sendo quebradas, quais os acordos profundos que estão sendo rompidos – tema bastante presente nas redes sociais e na vida pública.

“São as divergências mais complexas, aquelas que dividem famílias e parecem irreconciliáveis, que estão como foco dessa investigação. Desacordos que se fundamentam em raízes pré-estabelecidas nas nossas práticas socioculturais e que desafiam a lógica do diálogo”, afirma o filósofo e professor.

Durante as páginas, Salles se contrapõe à sugestão do filósofo Robert Fogelin que, em 1985, atribuiu a Wittgenstein a tese de que haveria “desacordos profundos”, cuja natureza impediria sua resolução por um debate racional. Desse modo, propõe um novo olhar sobre o problema, ao mostrar que a preocupação de Wittgenstein era antes a de investigar a “gramática dos acordos profundos”.

“Cada cultura tem um conjunto de valores e nenhuma cultura está, por si só, certa ou errada. Se desejarmos superar esses desacordos profundos é preciso antes de mais nada entender a constituição de espaços gramaticais, ou seja, o conjunto de regras e normas que, entremeadas na linguagem, norteiam as relações humanas”, declara João Carlos Salles.

“Gatos, peixes e elefantes – a gramática dos acordos profundos”, por João Carlos Salles. Foto: Divulgação

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