O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem se encontrar em breve, informou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, nesta última quinta-feira (16). A declaração foi feita após reunião com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington. Segundo Vieira, a conversa teve como foco as tarifas de 50% aplicadas pelos EUA sobre produtos brasileiros desde agosto. “Foi muito produtivo, com muita disposição para trabalhar em conjunto e traçar uma agenda bilateral de comércio”, afirmou o chanceler a jornalistas.
A conversa teve duas etapas: uma reunião privada entre os ministros e outra com diplomatas e representantes comerciais. Vieira disse que equipes técnicas devem iniciar negociações “em breve” para tentar reverter as tarifas e confirmou que Lula e Trump pretendem se encontrar, embora a data e o local ainda não estejam definidos. “Há interesse de ambas as partes para que isso aconteça o quanto antes”, afirmou.
Inicialmente, o encontro entre os presidentes poderia ocorrer durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia, no fim de outubro. No entanto, o Itamaraty indicou que as agendas dos líderes devem definir um novo momento para a reunião. As relações entre Brasil e Estados Unidos se deterioraram após a imposição das tarifas, justificadas por Washington como resposta à suposta “politização” do Judiciário brasileiro e à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além das tarifas, os Estados Unidos aplicaram sanções financeiras e consulares a autoridades brasileiras, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O encontro entre Vieira e Rubio foi o primeiro de alto nível desde a posse de Trump, em janeiro, e marca um esforço de reaproximação, iniciado após breve diálogo entre Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU, em setembro.
De acordo com o Itamaraty, Mauro Vieira e Marco Rubio devem manter contato nas próximas semanas para definir uma agenda de reuniões técnicas. A expectativa é que, até novembro, sejam traçadas as bases para um novo acordo comercial. “Prevaleceu uma atitude construtiva, com aspectos práticos para a retomada das negociações”, disse Vieira. “Há boa química entre os governos, e o diálogo está aberto.”
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