Nesta quinta-feira (17), o filme “Madeleine à Paris“ vai estrear na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no Espaço Augusta, com mais duas exibições nos dias 24 e 26 de outubro. O longa conta a história de Robertinho Chaves, artista queer baiano, andrógino, negro e de Candomblé, que há mais de três décadas encanta Paris com sua arte. A obra é protagonizada pelo próprio artista e retrata as dificuldades e conquistas de um imigrante latino na Europa, o sonho, os limites e as superações da vida.
“Ver minha própria vida nesse filme foi emocionante, uma redescoberta, onde revivi momentos do passado que me trouxeram até aqui. É muito gratificante ver os desafios e prazeres de tudo que passei, uma experiência mágica poder contar isso em um filme. Quando me vejo ali, vejo o artista que manifesta as culturas afro-brasileiras nas ruas de uma Paris nem sempre tão acolhedora com quem é diferente”, conta.
O filme conta com a direção de Liliane Mutti, que acompanha Robertinho há seis anos, e mostra o artista como um orixá do cortejo da Lavagem e à noite, a outra faceta, com sua fantasia e performance de arlequim, no Cabaré Paradis Latin. Com isso, circula entre o tradicional catolicismo francês e sua origem de Axé, do Recôncavo Baiano, de quem cresceu sob a guarda e benção de Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia.
As vivências de Chaves entre os dois países, entre o masculino e o feminino, o sagrado e o profano, fazem o filme mergulhar em busca da sua identidade. “Viajar por Paris no olhar desse imigrante ou pelo interior da Bahia na sua volta às raízes, nos dá a dimensão de como o mundo é diverso e de que a arte carrega a potência de romper fronteiras e inventar novos mundos possíveis”, conta Mutti.
Além disso, o artista baiano, queer, andrógino, negro e de Candomblé é o idealizador de uma das mais importantes tradições afro-brasileira na Europa, a “Lavagem de Madeleine“. Inspirado na Lavagem do Bonfim, o cortejo abre o calendário do verão europeu saindo da Praça da República de Paris e vai até a Igreja de Madeleine.
“Assistir a esse filme foi como uma sessão de magia. Ver a resistência de Robertinho na tela do cinema nos dá um presente de Paris e da Bahia para o mundo. E ainda tem a trilha sonora, que está de parabéns. É uma boa surpresa porque tem o Candomblé, tem o Babalorixá, tem o Terreiro de Santo, tem tambor e tem a nossa mistura, tem Chico Buarque e Baden Powell. A realizadora captou a alma musical e encantada de quem faz esse desfile: o povo brasileiro em Paris. Todo mundo precisa ver, vem pra cá pra ver Madeleine abençoar”, disse o cantor e compositor Carlinhos Brown.
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