Majur. Foto: Foto: Ladeira/Lucas Marinho

Com 16 faixas em iorubá, a cantora e compositora Majur explora uma estética afropop contemporânea no seu novo álbum “Gira Mundo”, gravado na Bahia, e que estreia no dia 14 de maio. O novo trabalho se destaca pelo uso de instrumentos orquestrais, como piano, baixo acústico, clarins e atabaques. Sob direção musical baiana de Ícaro Sá e Ícaro Santiago, a artista, em cada música, uma força da natureza — os orixás, como são conhecidos no Brasil — com cantigas e mensagens. O projeto é o desfecho de uma trilogia, que amadureceu após um período de quase cinco anos. Neste terceiro ato, Majur não quer só mostrar a sua potência musical, mas sim quer desmistificar os preconceitos associados à sua crença.

“Voltar aos navios negreiros é resgatar a cultura africana no Brasil colonial. É entender com profundidade essa diáspora tão presente e, ao mesmo tempo, tão silenciada. O candomblé surgiu como um ato de resistência, pois o nosso país não aceitava outras culturas e crenças. Quero, portanto, retornar esse contexto histórico e o reapresentar através de uma nova narrativa com elementos futuristas e atuais da nossa história. Afinal, eu acredito que o Brasil é um país plural e miscigenado, e reconhecer a cultura afro-brasileira — sem preconceitos ou demonizações — é essencial para valorizar a nossa própria identidade”, conta Majur.

“Gira Mundo” tem como faixa foco “Iroko”, que significa, tempo, no candomblé, a passagem das gerações e a força da natureza. “Estou usando o tempo para demarcar a cultura no Brasil sob outro olhar, sob outra narrativa. Por isso, eu escolhi a música principal do álbum como Iroko. Já que o tempo está acima de todas as coisas e abaixo de Deus”, explica Majur. “Apesar de evidenciar a intolerância religiosa e o racismo no Brasil, esse álbum não é sobre religião. É sobre recontar a nossa história nos tempos de hoje. É sobre transformação e conexão, informação para o povo, sem mais”, conclui a artista.

Majur. Foto: Gabriel Nascimento

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