
Em seu novo lançamento, o artista interdisciplinar Moisés Victório explora a conexão entre música, fé, memórias e ancestralidade africana através de cinco faixas autorais inéditas. Seu novo EP “Borí” é símbolo de um marco significativo na trajetória artistíca de Moisés, em que o cantor utiliza os sons para reconstruir uma identidade africana. O videoclipe da primeira faixa do projeto, “ÈṢÙ”, já está disponível no YouTube. “Na cultura tradicional iorubá e afro-brasileira, antes de iniciar qualquer ritual, qualquer celebração, é essencial saudar Exú. Por isso, a faixa abre o disco e também foi a primeira a ganhar um videoclipe”, explica o artista.
Bacharel em artes pela Universidade Federal da Bahia, Moisés pesquisa sobre a relação entre arte, novas tecnologias e o estudo das culturas, línguas e cosmogonias africanas, em especial a cultura nagô-yorubá. A essência de “Borí” se encontra nessa conexão entre contemporaneidade e ancestralidade. “Borí é ritual, é transcendência, é orixá, é essência”, afirma o artista. “A partir da mundivisão nagô-iorubá, podemos entender figurativamente o conceito de Borí como um processo de conexão interna, de autoconhecimento, de expansão de si para o mundo – através do seu lugar de fala e origem”, conclui.
O EP surge das experiências pessoais do artista, que teve sua formação musical nos tereiros de candomblé. “O processo de transformar essas referências em sonoridades foi muito espontâneo para mim, muito natural”, explica Moisés. “Primeiro porque essa ancestralidade africana está à nossa volta o tempo inteiro. Não tem como conviver e transitar em Salvador sem estar imerso nessa herança. Por outro lado, a conexão com a espiritualidade vem da minha formação familiar. Cresci em terreiros de candomblé, e essa primeira formação musical veio dos cânticos, das rezas, dos orikis que entoávamos rotineiramente”, acrescenta.
Parte do projeto foi realizado durante sua Residência Artística no Instituto Sacatar em 2023, onde Moisés colaborou com pesquisadores e artistas afro americanos da Universidade de Stanford (EUA). A partir dessa experiência surgiu a colaboração com Amara Tabor-Smith na faixa “Obìnrin”. “Espero que as pessoas se conectem com esse trabalho pela força da simbologia que carrega. Este EP é um resgate de memórias da minha infância nos terreiros, mas também é uma discussão sobre cultura, identidade, ancestralidade, visões de mundo. Ele dialoga e protagoniza narrativas que precisam ser mais ouvidas”, reflete Moisés Victório.

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