Ângela Freitas. Foto: Acervo Pessoal.

Com uma longa trajetória no varejo de moda e 24 anos de franquia, Ângela Freitas comandou seis marcas e foi a primeira pessoa que costurou um abadá a pedido de um diretor do Bloco EVA, na época que Ricardo Chaves vocalizava o grupo. Assim, se tornando uma maiores e mais representativas empresárias de moda da Bahia, estando à frente da APPA Brands, multimarcas de moda feminina e masculina com três unidades em Salvador, e da co-branding, N5, desenvolvida por cinco mulheres que reúne os segmentos de decoração e design, arte, vestuário e acessórios de moda, com loja no Horto Florestal.

Em conversa com o Anota Bahia, Ângela falou sobre suas perspectivas da mulher dentro do universo empreendedor, suas experiências e sobre o poder da união.

Para compreender o cenário do empreendedorismo feminino de uma forma mais ampla, a empresária retoma o a pandemia do Covid-19. Para ela, as mudanças no mercado de trabalho como um todo após o período pandêmico impactou bastante a economia, visto que, em sua análise, o país já estava defasado em relação às regiões ricas e desenvolvidas. Com isso, os desafios também se desdobraram para as mulheres que já estavam, ou iriam adentrar no meio. “A luta não é somente contra os preconceitos estabelecidos por nossa cultura, mas sobre uma nova ordem mundial”, afirmou.

Em seguida, ressalta que apesar das relações comerciais alcançarem uma racionalidade e velocidade nunca visto antes, ainda há muitos desafios que precisam ser superados para que a mulher comece a receber o reconhecimento que merece. Ângela alerta que o ponto principal da luta feminina no mercado de trabalho é a equiparação salarial. Muitas profissionais acabam se submetendo a cargas horárias maiores, mas continuam ganhando um valor inferior aos homens. “As mulheres, mesmo intelectualmente superiores, continuam com salários mais baixos e taxa de desocupação maior, atuando principalmente na administração pública, comércio e serviços domésticos”, declara.

No entanto, a empresária avalia como positivo o movimento de cada vez mais mulheres se unirem para empreenderem juntas no mercado, como a co-branding N5 que participa, sendo uma alternativa para produzir e criar em meio a todas as dificuldades. “Este desejo de união entre as mulheres é muito bom, dá muito resultados pois a energia flui entre nós, não nos isolamos e fortalecemos como pessoas. Frequentemente vemos parcerias masculinas no mercado, isto é encarado como uma aliança normal, já quando mulheres se unem é algo inusitado”, expõe.

Durante a entrevista, Ângela conta que sempre sofreu muita pressão em sua carreira devido ao seu espírito, que frequentemente é rotulado como mandona ou dominadora, virtude que a sociedade aceitas nos homens. Porém, ela continua se esforçando, trabalhando duro e sendo exigente. “Dou exemplo as pessoas que trabalham comigo, reconheço que não é fácil este papel. De um modo geral as pessoas veem com benevolência o homem forte e mandão, ela admiram e acham lindo, diferente com as mulheres.

Por fim, a empresária conta que tudo é uma sobrevivência e que tudo isso pesa, mas que segue em frente com seu trabalho, sempre prezando por valores que, de acordo com ela, as mulheres tem que ter, como: foco, determinação, autovalorização, critério e conhecimento. “Um grande questionamento que sempre tive é : trabalho igual a homem, com as mesmas responsabilidades, mas tenho que ter comportamento de mulher, pois a sociedade não aceita que eu seja esta mulher com pensamentos e atitudes independentes”, reflete Ângela Freitas.

Ângela Freitas. Foto: Acervo Pessoal.

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