Katerine Rios é um dos nomes femininos que tecem e fortalecem os pontos do agronegócio que nasce na Bahia e ganha o Brasil. Com uma trajetória edificante, a administradora já atuou com gestão pública, mas foi com o Instituto Washington Pimentel que viu todos os seus planos se objetivarem diante do segmento, mesmo com tantos desafios. Com uma vida dividida entre as cidades de Luís Eduardo Magalhães e Salvador, além de agendas intensas em São Paulo e Brasília, ela separou uns minutos do seu dia, esta semana, para discorrer sobre pontos importantes que a fazem acreditar que a mulher sempre pode mais. “O fato é que a mulher sempre participou, direto ou indiretamente, do agronegócio, mas por ser, lá atrás, uma atividade associada ao trabalho braçal, que requeria força e resistência, cultivaram a imagem de que era um ambiente só de homem, o que nunca foi verdade”, combate ela. “O que muda agora é que elas estão tomando o protagonismo em muitos cenários, inclusive nesse ambiente majoritariamente masculino. Dados atuais revelam que no Brasil mais de 30 milhões de hectares são administrados por mulheres, e elas estão em todos os espaços: nas fazendas, nos escritórios, nas entidades de classe, representando o setor e participando da criação de políticas públicas”, pontua. “E eu fico muito feliz em ver esse movimento, esse despertar. Nós estamos nos dando as mãos e caminhando juntas, defendendo o que acreditamos, lutando por melhorias e uma causa que não é individual. A cada dia eu acho que a gente avança um pouco e isso me motiva a continuar quebrando paradigmas para que as minhas filhas encontrem um cenário ainda melhor do que eu encontrei”, diz.
Katerine ainda parte para uma análise mais ampla, sobre o espaço da mulher em diversas atividades pelo país. “É inegável que as mulheres vêm ocupando espaços que antes não ocupavam, e esse é um processo de construção, que perpassa pelo tempo. Para mim, especificamente, não é nenhuma surpresa, pois venho de uma família matriarcal, de mulheres fortes, que sempre desempenharam atividades vistas como masculinas. Mas sei também que essa não é uma realidade geral. Apesar de sermos maioria, não o somos na ocupação de cargos de liderança em alguns ambientes, muito embora essa participação tenha crescido”, diz. “No agronegócio, hoje, somos mais de um milhão de mulheres que administram negócios rurais em todo Brasil. Fora das porteiras, ocupamos mais de um terço dos cargos de decisões, e isso deve ser comemorado, sim. Não podemos deixar essa conquista passar em branco, apesar de saber que ainda temos um longo caminho a percorrer, que podemos e queremos mais”, vibra ela. Quando pensa nos desafios, Katerine não titubeia e entra em um ponto delicado. “Eu destaco a não objetificação da mulher. Por incrível que possa parecer, ainda hoje, no ambiente profissional, a mulher precisa se preocupar com a forma de se vestir, de falar e de se portar. Essa objetificação esbarra em outro fator relevante: a desvalorização ou o não reconhecimento da nossa capacidade intelectual, de gestão e executiva, isso explica, por exemplo, em alguns ecossistemas a mulher ser menos remunerada que o homem para exercer a mesma função”, pontua.
Tendo sido vice-prefeita e vereadora da cidade de Luís Eduardo Magalhães, e atualmente como sócia do Instituto Washington Pimentel, Katerine também discorre sobre o protagonismo feminino e a parceria com seu sócio, o advogado Washington Pimentel. “Estamos lado a lado e digo isso sem nenhum demérito porque andamos com igualdade de poder e de decisão. E não estar à sombra de alguém me fez enxergar a necessidade de assumir o protagonismo e defender que mais mulheres também o façam. Só para ilustrar, na empresa, somos maioria mulher, diferente do cenário da esfera pública, por exemplo, onde a maioria esmagadora dos cargos são ocupados por homens. Por isso defendo a maior participação feminina em todas as esferas, em todos os segmentos”, enfatiza, que finaliza refletindo: “Meu conselho é para que a mulheres estudem, se capacitem, façam o seu melhor e acreditem no próprio potencial. Mesmo depois de tudo isso, eu alerto que elas vão encontrar dificuldades e resistências, mas que mesmo assim não desistam. Por fim, mas não menos importante, que essas mulheres busquem redes de apoios”.
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