Manuela Coutinho. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Nascida em Londres, na Inglaterra, e neta de uma francesa, de Paris, com um baiano, de Pojuca, Manuela Coutinho trabalha a mais de 10 anos com implantes hormonais, sendo uma das pioneiras no segmento, ao idealizar os primeiros cursos médicos da especialização, no país. Entre idas e vindas trabalhando como auditora contábil na Espanha e Brasil, ela viu uma oportunidade de trabalhar em uma área que a encanta e com muita determinação se tornou CEO da La Vie Lagacy Labs, laboratório especializado em implantes hormonais estéreis, e criadora da MC Legacy Eduh, que oferece mentorias para médicos.

Em conversa com o Anota Bahia, a empresária fala sobre suas perspectivas de como a mulher está inserida no mercado de trabalho, os desafios que precisou enfrentar em sua trajetória e as expectativas para o futuro empreendedor feminino, com base nas tendências que observa.

De início, Manuela aborda o processo de desenvolvimento da mulher no mercado baiano, seja ela já ativa ou com desejo de ingressar. “A minha percepção é de que houve um aumento importante de mulheres ativas no mercado de trabalho, tanto no ambiente corporativo quanta nas iniciativas próprias de empreendedorismo. Vejo que cada vez mais mulheres percebem a importância do trabalho como meio de independência financeira e emocional”, declara. Além disso, ao analisar o cenário, ela conta perceber um grande aumento na presença da figura feminina como força propulsora de movimentos sociais. Dessa forma, visando reforçar que uma mulher segura contribui não só para o ambiente individual, mas como todo seu entorno. Consequentemente, para os projetos que idealiza e para suas funções empresariais.

Porém, apesar de tanto avanço e o significativo aumento no número de mulheres que ingressam no mercado de trabalho, ainda há muito caminho para se percorrer para que o reconhecimento e o respeito imperem nesse ambiente. Segundo a empresária, é muito comum ver a disparidade salarial definida pelo gênero, onde 22% das profissionais recebem um salário inferior aos dos homens que ocupam o mesmo cargo, de acordo com dados do IBGE. Esse número chega a ser ainda maior quando se trata de cargos mais altos, com uma diferença de até 34%. “A mulher ainda enfrenta maior dificuldade de alcançar cargos de liderança e eu acredito que grande parte isso não se deve ao que ocorre dentro da empresa, mas sim às grande responsabilidades acumuladas no ambiente doméstico e familiar, que impedem que a mulher se dedique ao trabalho na mesma intensidade que o homem”, acrescenta a especialista em implantes hormonais.

No entanto, Manuela consegue enxergar uma luz no fim do túnel e projetar soluções que diminuam esses agravantes e promovam a justiça social e uma melhor experiência feminina dentro do mercado de trabalho. “A Noruega é um exemplo incrível de um país onde a licença paternidade é não apenas incentivada, mas também obrigatória, em parte. Esta política garante que 90% dos pais noruegueses tirem licença parental, demonstrando um compromisso significativo com a igualdade de gênero e o compartilhamento das responsabilidades parentais. No ambiente de trabalho, a licença paternidade obrigatória ajuda a normalizar a ideia de que cuidar dos filhos é uma responsabilidade compartilhada entre homens e mulheres”, exemplifica. Para ela, essas medidas podem contribuir para uma cultura corporativa mais inclusiva e igualitária. Assim como, a longo prazo, podem diminuir as disparidades de gênero no ambiente empresarial, visto que distribuem de forma mais equitativa as oportunidades de carreira e o tempo dedicado ao cuidado com a família entre homens e mulheres.

Durante sua trajetória, por mais que estivesse quebrando barreiras e deixando padrões criados pela sociedade de lado, Manuela não estava olhando para isso. Quando teve seu primeiro contato com implantes, após se formar em administração de empresas, ela se apaixonou pelo segmento e sempre acreditou que teriam espaço dentro do mercado. “Eu estava fazendo o que eu acreditava, e dando o meu melhor para encontrar a solução que a gente precisava naquele momento, que era ensinar aos médicos uma técnica que só nós sabíamos. Naquele momento não me sentia quebrando barreiras ou sendo a única mulher, meu foco estava nos implantes e em como eu poderia contribuir naquele cenário”, revela. Por outro lado, quando ela para e olha para tudo que viveu e conquistou, ela percebe que quebrou barreiras e que se orgulha em ter conseguido desenvolver um mercado importante. “Mas não fiz isso sozinha, tive apoio do meu avô [Elsimar Coutinho], e de outros médicos, homens em sua maioria, que acreditaram em mim. Não teria conseguido fazer sem eles”, ressalta.

Em seguida, a empresária faz uma reflexão sobre a diferença entre o reconhecimento dado à uma mulher, por algo que ela fez, com os que os homens recebem. É necessário trabalhar mais e, em muitos casos, até se provar mais capaz que um homem para conseguir ser vista e incluída no ambiente. “Temos que fazer mais por que estamos condicionadas a um sistema em que a mulher assume automaticamente toda a responsabilidade do cuidado familiar. Não tem que ser assim, temos que solicitar que o marido também assuma esse lugar, e dar espaço para que ele seja um aliado”, comenta. Manuela também diz entender que na vida o equilíbrio não se alcança dando partes iguais para todas as áreas, tem que saber priorizar, delegar, e pedir ajuda quando precisar. E acima de tudo, persistir e confiar.

Por fim, para todas as mulheres que estão lutando dentro do mercado de trabalham, ou desejam mergulhar no universo empreendedor, a empresária aconselha que a profissional encontre algo que lhe dá prazer em trabalhar e faça se dedique ao máximo. “Que Sorria e tenha postura colaborativa, que valorize o seu ambiente de trabalho e os seus colegas. Tenha o foco sempre em encontrar soluções e não problemas. Não se vitimize por ser mulher, ser mulher é maravilhoso”, conclui Manuela Coutinho.

Manu Coutinho. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

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