Carlos Rodeiro. Foto: Reprodução

Desde abril deste ano, um silêncio começou a incomodar inúmeras pessoas pelo Brasil afora. Aquela voz marcante, bem grave e alta, chamando os amigos e puxando atenção onde quer que estivesse. Em uma lancha na Baía de Todos os Santos, nos melhores restaurantes da cidade, nas classes executivas dos aviões ou em seu apartamento, no Corredor da Vitória, Carlos Rodeiro imprimia um estilo ímpar, pela sua presença marcante e pelas suas criações. E desde que ele teve que sair de cena, para iniciar um tratamento de saúde, o ecoar das suas palavras começou a criar um hiato sem tamanho.

Nesta segunda-feira (26), a confirmação da sua despedida desta vida, deixou a Bahia, além de silenciosa, opaca, sem brilho, sem cor e sem alma. O dia foi cinza, e a razão foi essa. Não houve, e não haverá, nenhum joalheiro no Brasil como Carlos Rodeiro, que além de ser um artista nato, ligado de forma íntima à cultura e a religião baiana, conseguiu se manter peça importante e influente no meio artístico do país nos últimos 30 anos.

Nas revistas mais importantes do Brasil, lá estava ele e sua obra, nos eventos que cortavam o mundo, de Paris a São Paulo, lá estava ele, ganhando o público em minutos, na televisão e no figurino das novelas da Globo, lá estava ele, fazendo reluzir as suas joias. E a lista das personalidades que usavam suas criações é tão extensa, que seria impossível citar, mas vale destacar Madonna, Elton John, Gisele Bündchen, Naomi Campbell, David Beckham, Caroline de Mónaco, Regina Casé, Hebe Camargo, Gal Costa, Nizan Guanaes, Ivete Sangalo, Ildi Silva, Luciano Huck, Preta Gil, Xuxa, dentre tantos e tantos outros.

E mesmo com esse estrondoso sucesso, o homem que transformou até a Fita do Senhor do Bonfim em joia, intimamente, na cadeira do seu escritório, onde estava todos os dias trabalhando, tinha uma energia contagiante, uma curiosidade absurda pela vida, e principalmente uma vontade de apostar e empenhar o próximo, como fez conosco, por todo o tempo, sendo inclusive a primeira pessoa a saber que o Anota Bahia iria nascer. Adeus Carlinhos, siga brilhando.